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A ambivalência do termo «noite» é
qualquer coisa que nos intriga sobremaneira. Mas percebe-se se nos pomos a
pensar no que nos dá e no que nos ensina essa rica ambivalência.
Por um lado, sem ser contra o
dia, é o melhor tempo para a libertação, para o repouso, para o silêncio e para
muitos a ocasião propícia para dar largas à sua criatividade. Tantas vezes se
ouve dizer que a criação literária nasce mais fértil durante a noite e que para
os estudantes não resta melhor tempo fora das aulas senão o tempo da noite para
estudarem as várias matérias dos seus cursos… Para a maioria, a noite retempera
as forças e apaga do mundo por horas os cérebros que se recompõe mais uma vez
para dar vida e realidade aos projetos e aos sonhos.
Por outro lado, a noite ao
contrário do dia é símbolo do mal. Pela calada da noite, a violência fere a
dignidade e conduz à mansão dos mortos. A noite esconde os maus comportamentos
e normalmente é o tempo da libertinagem. Os jovens aproveitam a noite para se embriagarem,
drogarem e pisarem o riso no domínio do sexo. É pela noite que se fazem os
roubos, embora nos tempos que correm a cortina da noite já não seja necessária
para os cobiçadores do alheio. Não admira que sejam tantos a ter medo da noite.
São incontáveis as formas que nos ajudam a combater as trevas, essa dimensão do
escuro, que eternamente a humanidade combate.
A noite serve para tudo e
para todas as coisas da vida, sejam boas ou sejam más. A noite é a geradora das
trevas, a contraposição que nos permite saborear a luz. Por isso, salva-nos a
luz que cada manhã oferece sempre. Já está dito e rezado por São Francisco de
Assis no maravilhoso «Canto das Criaturas»: «A longa noite escura / É gémea da
manhã».
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