Ao Sétimo Dia
A grande Simone Weil, há mais de 60 anos
pronunciava-se deste modo: «Eu reconheço quem é de Deus, não quando me fala a
respeito de Deus, mas pelo modo como fala e actua nas coisas deste mundo». Este
pensamento é extraordinário e confirma a mesma ideia da frase da Carta de São
Tiago 2, 26: «Assim como o corpo sem
espírito está morto, também a fé sem obras está morta».
O acontecer de Deus é sempre pela mediação do amor.
Nunca pela imposição nem muito menos pela violência. Tudo errado quando se faz
passar a ideia do castigo e que do alto se abate implacávelmente o devido
corretivo quando as falhas do mundo acontecem. Um sacrilégio que violenta a misericórdia
infinita e a única substância que enforma o Deus de quem estamos falamos, o
AMOR.
Por esta via a teologia devia ser feita por cada
pessoa pelo jeito como olha as coisas deste mundo e como fala delas. Só pode
verdadeiramente vê-las e falar delas pela óptica do amor, se os seus olhos
desbravarem sinais ou vestígios divinos.
A verdadeira espiritualidades não é apenas e só
deixar-se cobrir com o manto do religioso, mas é antes assumir atitudes de amor
que permitam considerar como bom, belo e estéticamente divinos, toda a
imensidão das criaturas que o universo nos dá a contemplar.
O universo inteiro é um imenso altar, onde podemos
perscrutar a presença de Deus. É urgente que a humanidade inteira se volte para
a natureza em geral e cuide dela, porque nela está a mão e o coração de Deus.
A vida está ameaçada e não será seguramente só e
apenas Deus a salvar o que há para salvar, mas todos e cada um de nós, somos
convocados a nos reunirmos à volta do altar da criação e celebrar o encontro do
amor que nos leva à prática da fraternidade com tudo o que nos rodeia.
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