Escrever
nas estrelas
1. O título soa
um pouco mal, mas nos tempos que vivemos mais nada nos pode soar anormal, a não
ser que abdiquemos de viver sem sabermos das coisas da vida que corre.
2. Os animais
podem agora estar junto dos donos nos restaurantes numa zona fechada para o
efeito, penso que será algo idêntico àquilo que se fez para fumadores. Nada
tenho contra isso. Mas faço a seguinte ressalva em forma de pergunta, suponho
que a lei contempla apenas gatos e cães, porque não estou a ver o meu amigo que
cria um boi que chega atingir os 300 quilos a tentar levar o bicho ao
restaurante para jantar?
3. Todos os
animais devem ser bem tratados e não devem ser tolerados abusos e maus tratos
contra nenhum animal. Mas começa a existir um certo exagero. Depois da obsessão
legalista com os animais proliferaram clínicas, consultórios, hospitais, hotéis,
amas secas e todo o género de coisas que só eram concebidas para pessoas. Tudo
bem, se cuidássemos de igual forma as pessoas.
4. Tenho cães e
procuro cuidar bem deles, na medida do possível, não lhes falta comida, o
veterinário uma vez no ano, lavagem do pêlo de vez em quando e o espaço onde
estão várias vezes por semana é limpo convenientemente. Estão bem. Mas não sei
como vou encaixar nos meus parâmetros mentais a nova expressão: «vou jantar
fora com os cães»…
5. Serve a minha
inquietação para reclamar que há tanta gente - sim gente - daquela que tem dois
pés e duas mãos e que anda na verticalidade, mas que nunca entrou num
restaurante. Ou porque nunca ninguém se lembrou disso; ou porque não ganha o
suficiente para gozar o prazer de comer num restaurante; ou porque moram longe
dos centros urbanos, nas redondezas não há restaurantes; ou porque este mundo
está tão desigual, com gente sem direitos, porque quem devia fazer valer os
seus direitos canaliza-os exclusivamente para os animais e para hobbys caros,
prevalecendo os prazeres mesquinhos contra o interesse comum da humanidade. Também
gostava muito que os nossos representantes na «casa das leis» pensassem nisto
com a mesma premência com que pensam nos animais.
6. Tomara que nunca
percamos o gosto de estar juntos em família e com os amigos à volta da mesa,
seja dentro de casa, seja fora de casa, para comer e para conviver
fraternalmente, mas que os animais estejam nos seus lugares, obviamente,
devidamente cuidados.
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