Escrever nas estrelas:
A cultura da fachada despudorada, da imagem excessivamente
diplomática e a máscara das aparências são imagens de marca de todas as
instituições sociais. A política, a religião, o desporto, qualquer tipo de
entretenimento e quase toda a vida social, carregam inevitavelmente a máscara
da hipocrisia.
Também somos levados a pensar que uma simples
comemoração, é pretexto para estarem bem presentes, estas características tão
típicas do nosso tempo.
Os meios políticos não se inibem de gastarem
dinheiro em celebrações que ninguém se lembra que existam. A religião mantém
tradições e costumes anacrónicos que cada vez menos as pessoas participam e
respeitam. E quando se juntam os poderes sociais, é ver o discurso doce e as
palmadinhas de circunstância como funcionam muito bem, numa dialéctica tão
necessária como o pão que nos alimenta a vida.
Por isso, é intolerável o falso moralismo ou o
moralismo para ficar bem na imagem de circunstância, isto é, um moralismo de
encomenda, que não passa de falsidade hipócrita.
Não suporto as palavrinhas mansas de gente sem
princípios que bajula só para ficar bem. Nem tolero a preguiça de pensamento
que produz gente desmoralizada que não é capaz de ter opinião própria e
pensamento próprio. A lógica, que não é lógica nenhuma, mas pura tontice, que
gera funcionários - existe por todo o lado - que não pensam por si mesmos, são
escravos que muitos chefes alimentam para terem à sua volta um bando de
energúmenos desmiolados sem tino para fazer nada de jeito. Basta isto para se
iludir que se tem poder e que tudo funciona.
Todos estes mecanismos, a nós provocam desprezo e o
mais profundo esquecimento para que esta forma de vida não perturbe o
verdadeiro sentido que queremos perseguir.
E termino com uma citação provocante, para que se
admirem que os meus dias estão cheios de esperança. No impacto da descoberta da
obra de Sade, em 1947, Octavio Paz escreveu um poema que termina assim: «Ousa
fazê-lo: / sê o arco e a flecha, a corda e o ‘sim’! / Sonhar é explosivo.
Explode. Sê novamente um sol./ No teu castelo de diamantes, a tua imagem /
autodestrói-se, Auto refaz-se, e nunca se cansa».
Só o Homem mais feliz de sempre - Jesus o Mestre de Nazaré - nos pode salvar e
ensinar que só existe um caminho seguro de eternidade: «A verdade vos
libertará» (Jo 8, 32). Por algum tempo o culto da fachada até pode dar prémios,
mas seguramente não pode durar eternamente.
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