A fé não é um fanatismo religioso
O que é o fanatismo
religioso? - Fanatismo religioso
é uma forma de afunilamento em sentido único, absoluto, baseada na rejeição de
qualquer outra ideia que não a da interpretação religiosa particular de quem o
possui e depois considerando-se quem diverge ou pensa de modo distinto como
inimigo. Não é próprio de nenhuma religião em particular, distingue-se de outras
formas de fanatismo (por exemplo, o político e o ideológico) apenas por
envolver uma religião ao invés de uma ideologia ou opção política. Devemos ser em absoluto contra qualquer forma de fanatismo...
O zelo intransigente
mata a relação e é responsável por muito sofrimento causado pela marginalização
e pelo abandono. A Igreja deve ter sempre a coragem de ser um espaço aberto
onde a pluralidade e a diversidade são a sua maior riqueza. Por isso, não pode
nem deve estar fechada sobre si mesma como se de um «ghetto» se tratasse nem
muito menos alimentar para si o espírito de seita muito zelosa quanto ao número
dos «mais fiéis» e «os restantes» são paisagem que se ignora.
Ninguém é dono de
Cristo nem muito menos ninguém é dono da Sua Igreja. Todos os que formam a
Igreja de Jesus Cristo convivem numa ideia comum, colocar as funções e os
carismas ao serviço da comunhão e do bem comum para todos. Esta ideia é
essencial para perceber que a diversidade não é para a Igreja uma fatalidade,
mas antes um valor que a enriquece e a torna o verdadeiro Corpo de Cristo
encarnado na história do mundo e da vida.
Neste mundo actual onde
reina uma confusão geral de ídolos e de vícios que inferiorizam a pessoa
humana, o melhor é compreender a fé não como um monopólio mas como um
testemunho de felicidade. Se antes a fé se torna um refúgio de frustrações e
uma mediação de combate de ideias ou de formas estereotipadas de ver as coisas
da vida, não seduz mais ninguém nem muito menos será causa de felicidade e
caminho de partilha das funções e dos carismas.
A fé verdadeira, aberta
à diferença, nasce da percepção clara sobre a palavra de Jesus que anuncia um
coração cheio de amor e de misericórdia para todos os homens e mulheres em
todas as circunstâncias. Muito longe de qualquer fanatismo.
Em muitos momentos da
nossa existência manifestamos intolerância e má compreensão face às atitudes e
às palavras que os nossos irmãos utilizam. Tudo isto é fruto da prepotência que
teimamos em cultivar no exercício dos cargos e das funções que nos compete
assumir. Melhor seria que tudo fosse acolhido como dom de Deus, como serviço e
sem qualquer sombra de interesse pessoal.
O Evangelho atesta
muito bem que Jesus veio mostrar mais fez que ninguém tem o direito de se
apossar de nada que pertença ao Espírito Santo. Todos os caminhos que a
humanidade segue deve ser motivo de reflexão misericordiosa por parte dos
cristãos com a maior das aberturas. Todas as manifestações humanas, por mais
aberrantes que sejam, devem ser motivo de procura e de meditação para todos os
que oram a Jesus pela salvação do mundo.
Não conduz a nada
repudiar e recusar logo sem pensar e sem ternura nenhuma o que este mundo nos
quer dizer. A nossa atitude deve ser antes a da escuta e a do acompanhamento
para salvar e não para condenar logo de imediato. O exemplo de Jesus de Nazaré
revela o quanto Ele é um Mestre na arte de compreender e de ensinar com amor.
Porque, a religião ou liberta a pessoa humana, sem ferir ninguém, da sua miséria ou então não serve para nada. E todas as formas de religiosidade que impliquem sacrifícios de sangue ou de apagamento de quem quer que seja, está contra o Deus de Jesus Cristo, em quem nós depositamos a esperança de libertação até ao momento em que a felicidade será total e plena para toda a eternidade.
1 comentário:
Um gráfico com as cinco fases do fanatismo pode ser visto neste link:
http://1.bp.blogspot.com/-QG471nICXgs/UHC6CTiGq_I/AAAAAAAADHw/5_06LKvOc3Q/s1600/fases-do-fanatismo.jpg
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