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quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

A descoberta da vocação faz as pessoas serem mais felizes

Domingo II tempo Comum. Comentário à missa deste fim de semana.
1. O tema da liturgia deste domingo é a questão da vocação. Convida-nos a situá-la no contexto de Deus para o serviço da humanidade e do mundo. No fundo, resume-se a isto, Deus é o Senhor da vida plena e pretende oferecer à humanidade a vida em abundância, a vida eterna, por isso, elege pessoas para serem defensores dessa causa na história e no tempo. É este o projecto de Deus, o que deve ser também a nossa causa e a nossa fé, a nossa esperança devem radicar neste horizonte.
2. A nossa vocação (ou as opções que inteligentemente vamos tomando) segue o plano de Deus, tem origem em Deus, é alimentada por Deus. Deus serve-se, muitas vezes, da nossa fragilidade, a nossa limitação para levar adiante o Seu plano sem dramas.
3. Para os crentes, aquilo que fazemos de bom e de bonito não resulta, portanto, das nossas forças ou das nossas qualidades, mas de Deus. O coração do profeta não tem, portanto, qualquer razão para se encher de orgulho, de vaidade e de auto suficiência, como fazem tantas vezes as figuras que assumiram serviços públicos, convém ter consciência de que não somos «superes homens» e que por detrás de tudo está Deus, e que só Deus é capaz de transformar o mundo, a partir dos nossos pobres gestos e das nossas frágeis forças. A profissão vocacionada radica precisamente aqui, é serviço desinteressado pelo bem comum, não se ensoberbece, mas humilha-se para servir mais e melhor.
4. A partir de São Paulo, convém ter sempre presente que a Igreja, a comunidade dos «chamados à santidade», é constituída por «todos os que invocam, em qualquer lugar, o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo». É importante termos consciência que não há nada que nos faça diferentes, maiores e mais importantes. Na comunidade somos todos irmãos. Nada deve subverter essa realidade, nem a cor da pele, as diferenças sociais, as distâncias culturais ou quaisquer outras diferenças. O que nos une é Jesus Cristo que secundariza alguns elementos religiosos e centra-nos no essencial, somos irmãos, Jesus Cristo e o reconhecimento de que Ele é o Mestre, o único Mestre, nos orienta a vida e nos oferece a salvação.
5. Quem foi Jesus? – Pergunta-nos o Evangelho. Jesus não foi mais um «herói», o «melhor homem da história», «um homem bom», Jesus não é alguém que embelezou a história com o sonho idílico de um mundo melhor e desapareceu, como os líderes de revoluções políticas que a história apagou. Jesus é o Deus que Se fez pessoa como nós, que assumiu a nossa humanidade, que trouxe até nós uma proposta clara e eficaz de salvação. Está presente hoje nos caminhos da nossa vida, torna presente o Plano de salvação de um Deus que é Pai/Mãe e que nos oferece a vida plena e eterna. Ele é a fonte da vida e da liberdade, que nos desvela o sentido da prática do amor, para que tudo o que fazemos esteja de acordo com esse dom de felicidade. Neste sentido, despertando para a nossa vocação, façamo-nos cientes de que só e apenas o Jesus do Evangelho nos dá a liberdade e que nenhuma proposta ilusória de pseudo mestres que aparecem em tantos momentos da nossa vida nos garantem senão a ilusão de algum momento de prazer sem qualquer consistência de verdadeiro sentido para o que somos e fazemos. 

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