Domingo III
Tempo comum. Reflexão para quem habitualmente participa na missa no fim de semana, mas não só...
1. O Reino de Deus, na Bíblia, designa
um governo ou domínio em que tem Deus por soberano ou governante. É sinónimo de
teocracia. Segundo o Génesis, os primeiros humanos rebelaram-se deliberadamente
contra a soberania de Deus. O Reino Milenar de Cristo é subsidiário do Reino de
Deus.
2. Segundo uma outra interpretação
teológica, o Reino de Deus é o Projecto Criador de Deus a realizar neste Mundo
e que consiste na plena realização da Criação de Deus, finalmente liberta de
toda a imperfeição e compenetrada por Ele.
3. É interpretado também como o estado
terminal e final da salvação, onde os homens irão transcender-se e viver
eternamente com Deus. Lá, a lei do amor incondicional a Deus e ao próximo é
finalmente instaurada definitivamente. Não haverá mais tempo, mais sofrimento,
mais conflitos, mais ódio, e o céu e a terra unem-se finalmente. Embora Deus
seja Todo-Poderoso, Ele quer que nós, humanos, dotados de inteligência e razão,
participemos de um modo recíproco, livre e voluntário no Projecto Criador de
Deus, o maior de todos os projectos que o mundo jamais viu, englobando todos os
tempos, todos os povos e todos os seres do Universo.
4. Seguindo este pensamento, esta missão
torna-nos verdadeiros parceiros de Deus, com muita liberdade e simultaneamente
muita responsabilidade. Isto quer dizer que nós temos o poder e a capacidade de
acelerar a vinda do Reino de Deus com a nossa fé e esperança em Jesus Cristo e
com as nossas boas acções.
5. para os tempos de hoje desejamos
fazer um Reino de Deus que seja o nosso reino, onde todos têm lugar e vez à
mesa do Pão. Onde a paz não seja um desejo todos os dias adiando. Onde a justiça
se torna a norma de conduta das sociedades. Onde ninguém estende a mão porque é
mendigo, mas tem o seu trabalho e ganha o seu pão como fruto do seu empenho, o
seu suor e o seu esforço. Onde ninguém tem necessidade de emigrar porque o seu
país não lhe dá oportunidade de integração. Onde aqueles que fogem da violência
e da fome são acolhidos como semelhantes e irmãos.
6. Onde ninguém chora porque
está a ser explorado. Onde ninguém sofre porque não tem remédios nem mãos
amigas que tratam. Onde ninguém é raptado. Onde ninguém é violado ou objecto de
comércio. Onde os idosos não são descartados. Onde as subidas ou descida das
ações de qualquer empresa não são mais importantes que um idoso. Um não há «uma
economia que mata» (Para Francisco). Onde não há gente maior e gente menor. Mas
apenas e só irmãos que se respeitam por que todos iguais na dignidade e no
valor da vida.
7. Por isso, o Reino de
Deus que acredito, cabe todos e, afinal, todos são olhados e tidos como
realidade da presença de Deus e por conseguinte carne da nossa carne que
precisa de amor, de compreensão e da ternura do encontro. É este o reino de
Deus que o Evangelho de Jesus anuncia.
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