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segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Os dois espíritos da ternura como alimento para todos os dias

1. A ternura devia ser uma forma de estar na vida. Um ministério que devia ser levado à prática por todas as pessoas. A sua importância é tal que hoje vamos pensar um pouco sobre este valor tão necessário nos tempos em que vivemos. Vamos fazê-lo à luz do filósofo e matemático francês Blaise Pascal (1623-1662), que pensou a ternura mediante duas vertentes: a finura e a geometria.

2. A finura na ternura é um espírito que não abdica do pensamento nem muito menos do raciocínio. As pessoas inteligentes sabem como proceder com finura no campo da ternura. Por isso, acrescentam-lhe a sensibilidade, a intuição e a capacidade de sentir com profundidade, fazendo emergir daí nobres sentimentos que farão bem a quem for contemplado pela ternura. Neste espírito só pode acontecer uma excelente realidade, que vai fazer sorrir muita gente. Os sonhos serão grandes, os valores iluminam, os compromissos serão todos realizados porque valeu a pena despender para eles toda força e todo o tempo. A finura na ternura não se cansa nem se esgota.    

3. A geometria de que fala Pascal quanto à prática da ternura está relacionada com a capacidade de calcular, ponderar  na sua concretização mediante o exercício do poder. Porém, não haverá ternura nenhuma, se o poder não for um serviço ao bem comum e uma luta pela justiça, mas antes uma concentração de poder cego para exercer absolutamente, sendo assim gerador de dominadores (alguns) ao preço de dominados (muitos). Não esqueçamos que foram frequentes os momentos da história em que esta forma de poder foi exercida contra os povos, trazendo para as populações os sofrimentos e as desgraças sobejamente conhecidas de todos nós. Tudo o que devia enformar a ternura, foi colocado de lado, porque o poder quando é cego domina contra tudo e contra todos. O espírito geométrico da ternura, deve estar em qualquer forma de poder, por isso nenhuma forma de poder para ser seriamente poder, não suspeita nem muito menos esquece na sua prática o afeto, a amizade e toda a atenção perante as necessidades daqueles que são a razão de ser da sua existência.  
   
4. A ternura é um bem. A ternura é uma flor delicada que se alimenta de amor. Para a vida dos mais frágeis deve desvelar-se essa flor. Para todos nós a ternura deve ser em qualquer circunstância um frequente alimento que nunca dispensamos em nome de coisa nenhuma.

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