– É a tua cruz… tens de carregá-la!
– É a tua cruz… que Deus te ajude.
Dizem-me frases como estas. Quase sempre respondo que não gosto de encarar como cruz o que de menos bom a vida me oferece. Outras ocasiões poupo nas palavras e forço um sorriso. Mas sempre recuso essa visão terrífica e anquilosante da cruz.
Não sei se foi Deus quem me colocou pedras no caminho. Meço os obstáculos, enfrente-os ou contorno-os. Por vezes, consigo.
Agradeço-lhe todos os dias. Peço também que me acompanhe. Nunca ouvi a sua voz. Mas tenho a certeza de que já o vi sorrir. Fico então com a sensação de vitória.
A cruz foi injustiça, sacrifício e amor. É sinal da sua presença.
O meu Deus não quer que eu carregue uma cruz. Mostra-me o caminho, deixa-me escolher e caminha comigo. E vou caminhando como posso, mas sem o peso de uma cruz que me dificultaria o andar.
Uma colega perguntou-me um dia como me era possível acreditar, ter fé. Qualquer resposta que tentasse, não a demoveria dos seus argumentos. Respondi-lhe, simplesmente, que assim era mais fácil. Soou-lhe a afirmação de analfabeto.
Já não lhe disse que não era acreditar e deixar correr. Um aceitar resignado! Não!
Era mais fácil apenas porque
não estava só.
Nelson Veríssimo
22 jan. 2017
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