1. Será que a
humanidade gosta de sofrer? Será que é tendencialmente masoquista por natureza?
- Não tenho resposta para estas questões...
2. Se não tenho
resposta para as perguntas que foram feitas, porque as faço, então? - Porque a
realidade parece que se impõe assertivamente quase que respondendo às perguntas
do ponto anterior, que qualquer um de nós pode colocar, até porque não são
originais e estão na cabeça de muita gente.
3. Pensemos a
título de exemplo nas primeira décadas do séc. XX e que muitos parece desejarem
que se repitam no séc. XXI. As políticas nazis, socialistas e marxistas entre
tantas outros regimes ditatoriais mais ou menos relevantes em tantos países,
profundamente autoritários, com desejo de conquista e de vingança, que
dominaram nos finais do séc. XIX e primeira metade do séc. XX e que no séc. XXI
parece encontrar gente cheia de saudades de tais regimes. Certo é que a
humanidade não aprendeu nada com o horror que tais regimes políticos semearam.
Tudo isto toma-nos de assombro perante tantos votantes em partidos políticos
que se propõem a eleições com ideais rebuscados desse passado horrível.
4. Neste
sentido, retomamos aqui a ideia forte que deve nortear todas as pessoas e as sociedades
hoje, a fraternidade. Não há alternativa a esta ideia. A humanidade de hoje tem
«obrigação» de recusar todo o sofrimento que venha da política que conduz ao
terror. Deve bastar para lutar contra o que faz parte da vida por si mesma sem
que tantas vezes tenhamos mão direta sobre isso: a doença, a guerra, a pobreza,
a exclusão social, os refugiados das guerras do Médio Oriente, a fome em
África, a juventude drogada e alienada, a corrupção, a instabilidade da
família, a falta de dignidade em tanta gente, os desequilíbrios ecológicos, a
teimosia dos grupos económicos que sugam os bens da natureza até a desestabilizarem,
a violência doméstica e tantos problemas que conduzem ao sofrimento e à
desgraça da vida em tanta gente...
5. Neste
contexto, somos chamados a viver um princípio importante, o ser fraterno, que
está estabelecido desde os gregos antigos, com a noção de ajuda mútua dentro da
Pólis, passando pela pregação de Jesus Cristo e pelo cristianismo, até chegar à
modernidade com a Revolução Francesa (1789-1799), a qual tinha como lema a célebre
frase: «Liberdade, igualdade, fraternidade». É verdade que a liberdade e a igualmente,
estão muito presentes no discurso político, a fraternidade nem por isso, até
mesmo se pode afirmar que não está nada. Mas, que ele é mais que necessário e
premente nos tempos que correm, lá isso é. Já que se fala pouco em respeito
pelo outro e pelas coisas, então que se fale, corajosamente, na fraternidade
entre todos os seres humanos e com todos os bens da natureza. Aliás, um valor
reclamado há acerca de um milénio com São Francisco de Assis e que veio a ser
relembrado pelo Papa Francisco. Não há volta a dar, a humanidade precisa da
fraternidade como o pão para a boca.
6. Obviamente, que a
fraternidade não poderá resolver os graves problemas e crises vividos pela humanidade
de hoje e do futuro. Mas, é urgente que a fraternidade entre no discurso e na
ação humana em todos os seus domínios. O mundo só vencerá o terror e todas as
formas de injustiça que ainda minam a vida hoje, quando voltar a pensar na
fraternidade e propor esse valor como caminho essencial para a sã convivência
humana. São Paulo, foi certeiro quando afirmou que o ser humano deve ter e
estar cheio de «misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade.
Suportai-vos uns aos outros» (Colossenses 3, 12). São elementos que devem iluminar
o coração humano. Sem a mediação da fraternidade o mundo não muda nem muito
menos será melhor daquilo que já temos, que não é nada bom. O horror das guerras
mundiais, as atrocidades dos nazismos e de todos os regimes atrozes que
perseguiram as sociedades no passado não podem ser vividos no presente. É um
dever humano repudiar tudo o que venha lembrar para ser implementado esse horror
do passado.
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