1. A brincadeira das tolerâncias de
ponto para o dia 12 de maio, pela ocasião da vinda do Papa Francisco a Fátima,
está produzir pérolas. Já que para nós exista ou não tolerância de ponto a 12
de maio, pelo menos começa a dar para nos divertirmos um pouco. Vejamos esta
pérola do Presidente do Governo Regional da Madeira: «não
faz sentido. Se estivéssemos num território com continuidade territorial fazia
sentido», afirmou Miguel Albuquerque. Não havendo essa tal «continuidade»
devemos fazer com que ela exista, é isso que manda as leis. Olhe sr. Presidente,
que com pequenos sinais se faz a diferença…
2. Sou contra a tolerância
de ponto nesta ocasião e em todas as outras vezes em que ela é feita. Mas,
particularmente, neste momento em que se reveste de aproveitamento político e
em que sendo o governo de esquerda, devia mostrar a sua coerência e a sua
defesa intransigente da laicidade do Estado. Essa coerência do Estado laico
deve existir em todos os momentos. E ponto final. Mas sendo declarada por uma
razão qualquer deve contemplar todos os portugueses, tanto no continente como
nas ilhas. Por isso, Há sim «continuidade territorial» também nas ilhas, porque
pode haver portugueses de primeira nem portugueses de segunda. É assim que está
consagrado na Constituição Portuguesa e no Estatuto Político da Madeira. Já para não recorrer ao fato de sabermos que são muitos os madeirenses que vão estar presencialmente nestes dias em Fátima.
3. Tudo isto acontece porque
se brinca às tolerâncias de ponto a torto e a direito. Nos tempos da famigerada
austeridade não havia a nível nacional tolerância de ponto no dia de Carnaval,
mas a Madeira, duplamente penalizada pela austeridade, declarava-se tolerância
de ponto no Carnaval, contrariando aquilo que o governo nacional determinava. E
a tolerância de ponto do rali, que já existe há tantos anos… É esta lógica que
não se entende, melhor, até se entende, reparamos que brincam com as pessoas em
geral e, particularmente, os funcionários públicos.
4. Mesmo não concordando com
esta tolerância de ponto, porque a maioria dos portugueses não irá a Fátima nem
muito menos se pode garantir que vão ficar em casa para verem pela televisão.
Este argumento só mesmo para rir é que se aceita. As tolerâncias de ponto são
também instrumentos bem utilizados pelos governos para agradar a uns (muitos),
mas não deixa de um jogo de interesses político partidário que nalguns casos,
suja o retrato do acontecimento que se pretende valorizar.
Sem comentários:
Enviar um comentário