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sexta-feira, 19 de maio de 2017

Uma no cravo e outra na ferradura

«Cá te viste»
É um ditado muito conhecido. O seu sentido é o seguinte: para ser fixada a ferradura em cavalos e outros animais semelhantes, sem ferir ou assustar o animal, o ferreiro bate alternadamente com o martelo ora no cravo (prego), ora na ferradura. Daí o ditado ter entrado na gíria popular para designar as atitudes dúbias e o equilibrista em cima do muro. É sinal de imparcialidade. Esta é em situações decisivas para a vida dos outros a pior das atitudes, porque dizer sim e não simultâneamente ou alternadamente faz mal ao corpo e à alma de tanta gente.

Não me digam que ter bons propósitos e fazer boas ações e ter maus propósitos e fazer más ações simultaneamente, virá contrinuir para mover o mundo e vida? - Nada. Zero.

Qualquer atitude que não seja capaz de ir até ao fim naquilo que se determina como decisão antecipada, vale pouco e diz muito de quem a pratica. Toda a atividade que ande assim ao sabor das ondas, levanta sérias dúvidas e todos sabemos o que pensa o povo sobre este incontornável assunto.  

Bem sei que na luta pelo poder a dialética, as posições antagónicas das várias forças em contenda, é um fenómeno necessário, mas só tolerável até certa medida. Aliás, bem sei que a coisa não é para seres inocentes e puros, requer uma ética conveniente que inclui até mesmo falsas atitudes sociais e públicas, mas se domina a lógica do poder pelo poder não serve para ninguém. Deve ser combatida essa mentalidade e deve ser colocada no devido lugar. A conquista bem clara e determinada deve estar ao serviço do bem de todos. E digo mais, quando alcançado o poder, deve estar para todos, mesmo até para os mais afoitos adversários.

Não ser capaz de levar até ao fim a sua determinação é o pior que se pode encontrar numa pessoa. Quando sou confrontado com isso fico deveras boquiaberto e quiçá inteletualmente enojado que até vomito à maneira do autor do Apocalipse: «Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca» (Ap. 3, 15-16).

Uma no cravo e outra na ferradura, até algum tempo vingará, mas não serve sempre, o povo em geral sabe identificar quem desse alimento se sacia diariamente, iludido que nunca sofrerá o golpe final. 

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