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quarta-feira, 24 de maio de 2017

Deus e eu

Deus e eu. 
Hoje com um reputado advogado e destacado historiador da Madeira. Mais um texto que nos aponta para Deus e que seriamente no convida à reflexão interiorizada. Silenciosa. Muito obrigado.
Das poucas vezes que me falam em religião e em Deus, costumo responder que se trata duma busca solitária, porque em rigor ninguém pode provar de forma palpável e científica que Deus existe, ou não existe.
De modo que em princípio, as verdadeiras pontes para encontrar a existência de Deus ou a sua negação, são a fé e o coração; e cada um aproxima-se ou não de Deus através da negação, da dúvida ou da certeza.
Porque não sou bafejado pelo dom da Fé, e apesar das dúvidas persistentes, a exame da colossal imensidade do Cosmos e das suas leis, os milhares de milhões de galáxias, estrelas, planetas e cometas, cuja observação nos esmaga e emociona, o enigma dos buracos negros, e as recentes conquistas da física quântica, dão-me a certeza de que tudo isso não resulta do nada e são sinais que existe um Deus criador, que entre muitos outros predicados representa como que uma grandiosa e agigantada fonte de energia.
Cavando um pouco mais e cotejando a herança espiritual da estirpe humana, considero-me um seguidor da ética cristã e admito que Deus estará na vida e que a vida está em Deus.
Mas, notando também que em horas de grande sofrimento e aflição, por vezes, nos sentimos ignorados, desamparados e abandonados pela Divindade; e que as leis da natureza parecem cruéis e impiedosas, pois predomina a lei do mais forte, os animais mais fracos alimentam os mais possantes, e os pobres, desvalidos, e desprotegidos são os que mais sofrem as vicissitudes e as nefastas consequências das catástrofes e das epidemias, tenho profundas dúvidas que haja um Deus, tal como nos apresenta o cristianismo - omnisciente, omnipotente, infinitamente justo, e generoso pai e mãe da Humanidade.
Será muito disso, mas duvido que tudo possa, pelo que muitas vezes me sinto próximo de certas conclusões do Panteísmo, que declara que nós e o que nos rodeia faz uma pequena parte de Deus ainda imperfeita, e a caminho da perfeição plena.
De modo que Deus é infinitamente bom, justo, e omnisciente porque a sua parte perfeita tudo sabe; mas não será completamente omnipotente porque ainda comporta uma pequena fração que não pode tudo, mas que com a vitória do espírito alcançará, então, a perfeição e a justiça absoluta.
Rui Nepomuceno

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