Entre todas as orações a que ocupa, seguramente, o
primeiro lugar é a do Senhor, o «PAI-NOSSO» porque possui os cinco mais
importantes requisitos que toda a oração deve ter:
1) ser confiante
2) ser recta
3) ser ordenada
4) ser devota
5) ser humilde
A oração produz três benefícios:
1) É remédio útil e eficaz contra o mal, porque
antes de mais liberta dos pecados cometidos, segundo aquilo que diz de si o
salmista: «confessei a ti o meu pecado. E tu absolvestes a minha iniquidade»
(Sl 32, 5);
2) É o meio para obter tudo aquilo que desejamos. É
Jesus quem o prometeu: «Tudo o que suplicardes e pedirdes, crede que
recebestes, e assim será para vós» (Mc 11, 24);
3) É útil também porque nos faz familiares de Deus,
para Lhe podermos dizer com confiança: «Subo a minha prece como incenso na tua
presença» (Sl 141, 2).
1. «PAI-NOSSO» = a paternidade e maternidade de Deus
Deveres que emanam desta paternidade e maternidade:
a) Devemos honrá-Lo/a
b) Devemos imitá-Lo/a
c) Devemos obedecer-Lhe. É na verdade nosso Pai e
Mãe.
d) Devemos ser pacientes nas provas que nos envia.
e) E corajosos em enfrentá-las.
e) E corajosos em enfrentá-las.
2. «QUE ESTÁS NOS CÉUS» = Tensão entre o «além» e o
«aquém»
Três exortações destas palavras:
a) Induzir o orante a preparar-se para a oração
b) Indicar a facilidade com que o Senhor nos escuta,
porque nos está próximo. «Céus» não representa distância, mas o lugar especial
da habitação de Deus.
c) Aludir à eficácia daquele que nos houve.
Três razões destas palavras que nos devem conduzir à
oração:
a) Pelo poder daquele a quem nos dirigimos para
pedir
b) Pela familiaridade com Ele que aí aparece, a
proximidade de Deus
c) Pela conveniência ou idoneidade da nossa oração,
o desejo de bens mais elevados, o bens de Deus.
3. «SANTIFICADO SEJA O VOSSO NOME» = primeiro pedido
da oração. Pedimos que o nome de Deus se manifeste e resplandeça em nós.
Ora, o nome de Deus:
a) É maravilhoso: porque realiza maravilhas em todas
as criaturas.
b) É Amável: porque «na verdade não existe outro
nome dado aos homens debaixo do céu, no qual esteja estabelecido que podemos
ser salvos» (Act 4, 12). E a salvação todos nós a devemos amar.
c) É venerável. O nome mais alto e mais nobre que
existe.
d) É inefável. Porque nem sempre é fácil exprimí-Lo.
Muitas metáforas o tentam designar: «Pedra»; «Iahweh»; «Eloim»; «O Santo»; «a
Luz»...
4. «VENHA A NÓS O VOSSO REINO»
Mas se o Reino já veio para quê pedir de novo a sua
vinda? - O
nosso pedido tem um tríplice sentido:
a) Pode de facto o reino já estar presente no meio
de nós, mas nem todas as pessoas já vivem os valores do reino; mais se
compreende como apelo à conversão, à destruição do pecado e da morte;
b) Por «reino de Deus» pode-se entender a glória de Deus.
Reino quer dizer regime, pedimos que o regime de que ninguém se oponha à
vontade de Deus aconteça no meio de nós.
c) Neste mundo onde reina o pecado, nós pedimos que
reine em nós não o pecado, mas que reine o próprio Deus;
5. «SEJA FEITA A VOSSA VONTADE ASSIM NA TERRA COMO
NO CÉU»
Qual o significado deste pedido?
Deus que três coisas em relação a nós, e nós pedimos
que estas três coisas se realizem:
a) A primeira coisa que Deus quer de nós é que nós
consigamos a vida eterna. (história dos anormais nos jogos Olímpicos de Seatle)
b) A segunda coisa que Deus quer de nós, é que
observemos os mandamentos (comparação do médico que quer curar o seu doente,
exige a dieta, os medicamentos e alguns sacrifícios). Ora se Deus quer dar-nos
a vida eterna, quer também que façamos tudo para a alcançar, guardando os
mandamentos por exemplo, como diz Jesus: «Se queres entrar para a vida guarda
os mandamentos» (Mt 19, 17).
c) A terceira coisa que Deus quer para nós é que
sejamos restituídos ao estado e à dignidade em que foi criado o primeiro homem:
estado e dignidade de tal modo grandes, que o seu espírito e a sua alma estavam
em plena comunhão com Deus. Nem o sofrimento, nem a corrupção, nem a doença e
nem a morte o podiam derrotar, porque a sua vida assentava sobre o espírito de
Deus.
6. «O PÃO NOSSO DE CADA DIA NOS DAI HOJE»
O Espírito Santo ensina-nos a evitar cinco pecados a
que somos levados pelo desejo das coisas materiais:
a) O apetite imoderado pelas coisas materiais;
b) Para ter o bens materiais, prejudicar e enganar
os outros;
c) A vontade exagerada de «ter» cada vez mais em
detrimento da vontade de «ser» cada vez mais;
d) A voracidade exagerada. Há pessoas que lhes
apetece consumir num só dia aquilo que lhes daria para muitos dias, meses e
anos;
e) A Ingratidão; a riquezas muitas ou poucas vêm de
Deus sempre;
f) A excessiva preocupação perante as coisas do
mundo;
O pão material é importante, mas mais importante que
esse é a Palavra de Deus, «Nem só de pão vive o Homem mas de toda a palavra que
sai da boca de Deus» (Mt 4, 4). Quando pedimos pão a Deus, pedimos que Ele nos
dê a Sua Palavra e que Ela seja a norma de conduta para todo o nosso viver.
7. «PERDOAI-NOS AS NOSSAS OFENSAS ASSIM COMO NÓS
PERDOAMOS A QUEM NOS TEM OFENDIDO»
O que fazemos ao dizer «perdoai-nos as nossas
ofensas». Sobre este pedido podemos fazer três perguntas: 1) Por que razões o
fazemos?; 2) Quando se cumpre?; 3) Que é que se exige da nossa parte para que
se cumpra?; Reparemos na respostas:
a) Deste pedido aprendemos dois ensinamentos para a
nossa vida: 1) o Homem deve manter-se sempre no temor (sentido de respeito) e
na humildade; Segundo, deve o Homem viver sempre na esperança, embora pecadores
devemos ter confiança no amor e misericórdia de Deus, porque diante do
arrependimento Deus perdoará sempre;
b) Quanto à segunda pergunta, deve-se saber que ao
pecado se distinguem duas coisas: a culpa com a qual se ofende a Deus e a pena
devida por causa da culpa. A culpa é tirada pelo arrependimento e a pena
colmatada com o propósito da emenda;
c) Quanto à terceira pergunta é de frisar que da
nossa parte exige-se que perdoemos ao nosso próximo as ofensas que ele nos fez;
é por isso que se diz: «como nós perdoamos a quem nos tem ofendido», como
condição para que Deus nos perdoe.
8. «E NÃO NOS DEIXEIS CAIR EM TENTAÇÃO»
Sobre este pedido colocamos três interrogações: 1) O
que é a tentação?; 2) Como e por quem o
Homem é tentado?; 3) Como é a libertado da tentação?
Ensaiemos algumas respostas:
a) Tentar é experimentar ou pôr à prova, pelo que
tentar alguém é pôr à prova a sua virtude, mas cuidado que muitas vezes somos
postos à prova a ver se somos capazes de optar pelo bem contra o mal...
b) Os bens materiais são o modo mais frequente pelo
qual o Homem se vê tentado. Os do mundo (a sede do luxo, o dinheiro, a fama, o
mostrar-se na comunicação social...) são as forças maiores que desviam o Homem
dos bens espirituais...
c) Falta saber como nos livramos da tentação.
Reparemos que Cristo não nos ensinou a pedir para não sermos tentados, mas para
não cairmos na tentação. Ser tentado é humano, mas consentir é coisa diabólica.
Sentido das seguintes palavras:
O Diabo ou Satanás
= Espírito do mal que comanda toda a maldade do mundo.
Inferno = Ausência da comunhão com Deus. A não
felicidade.
Purgatório = Tempo de purificação. Estado de alma
que se prepara para entrar na comunhão de Deus.
9. «MAS LIVRAI-NOS DO MAL»
Jesus ensina-nos a pedir para sermos preservados do
mal. E este pedido é geral, é contra todos os males: pecados, enfermidades e
aflições, como diz Santo Agostinho.
Pedimos:
a) Para que não nos fira a aflição. Raramente não
somos afligidos, porque «todos os que quiserem viver com piedade em Cristo
Jesus serão perseguidos» (2Tim 3, 12);
b) Consolo quando a as aflições nos atingem. Se, na
verdade, Deus não o consolasse, o Homem não conseguiria resistir. Por isso o
salmista reza: «Quando as preocupações se multiplicam em mim, as Tuas
consolações me deleitem» (Sl 94 [93], 19).
c) Concedendo aos aflitos tantos bens que se
esquecem dos males, a ponto de fazer dizer como Tobias: «Não te agradam as
nossas aflições, mas depois da tempestade fazes voltar a tranquilidade e depois
das lágrimas e do choro infundes a alegria» (Tob 3, 22). Não são de temer as
tentações e as tribulações (lembremo-nos da mulher que acaba de dar à luz...)
d) Para transformar-se em bem a tribulação e a
tentação. É por isso que não se diz «libertai-nos da tribulação», mas «do mal»,
porque para os santos as tribulações servem para sua coroa e, por isso, eles
gloriam-se, como se gloriava São Paulo quando dizia: «Nós alegramo-nos também
nas tribulações, sabendo que a tribulação produz paciência, a paciência uma
virtude provada e a virtude provada a esperança. A esperança nunca desilude»
(Rom 5, 3-5). Deus, portanto, livra o homem do mal da tribulação quando a vira
para o bem: e isto é sinal da máxima sabedoria, portanto, porque é próprio do
sábio ordenar o mal para o bem.
CONCLUSÃO
Na oração do Pai-Nosso estão contidas todas as
coisas que se devem desejar e todas aquelas de que se deve fugir. Entre as mais
desejadas estão as que se amam mais, isto é, DEUS. Por isso, a primeira que
pedimos é a glória de Deus, dizendo: «santificado seja o Vosso Nome».
A Deus fazemos três pedidos:
1) É o de poder alcançar a vida eterna, quando
dizemos: «Venha a nós o Vosso Reino».
2) É para que façamos a vontade e realizemos a
justiça de Deus, e pedimos isso quando dizemos: «seja feita a Vossa Vontade».
3) É para que se realizem as coisas necessárias à
vida, e pedimos isso quando dizemos: «o pão nosso de cada dia nos dai hoje».
A estes três pedidos Jesus alude quando diz sobre o
primeiro: «procurai antes de mais o Reino de Deus»; sobre o segundo: «a sua justiça»,
e sobre o terceiro: «e tudo o resto vos será dado por acréscimo» (Mt 6, 33).
Das coisas a evitar e das quais devemos escapar são
aquelas contrárias ao bem. E o bem que devemos desejar é sempre o mais elevado.
O primeiro é a glória de Deus. E nenhum mal é contrário a ela porque resulta
quer do bem quer do mal: do mal enquanto Deus o rejeita, do bem porque o
premeia. O segundo, é a vida eterna, e este é contrário ao pecado, porque ela é
perdida com o pecado. Para o remover
dizemos: «perdoai-nos as nossas ofensas como nós perdoamos a quem nos tem
ofendido». O terceiro bem são a justiça e as boas obras, e a este bem são
contrárias as tentações, porque elas impedem-nos de fazer o bem. Para remover
este mal pedimos: «não nos deixeis cair em tentação». O quarto bem são as
coisas necessárias à vida. Às quais se opõem as adversidades e as tribulações.
Para remover pedimos: «livrai-nos do mal. Ámen».
José Luís Rodrigues
1 comentário:
Pai/Mãe Nosso!
Quantos pensam assim?
Quantos ainda pensam que seria mais lógico dizer-se Mãe, apenas?...
Cumprimentos
Jose
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