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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

A oração do Pai-Nosso

Breve estudo-explicação sobre a oração do «Pai-Nosso», que rezamos tantas vezes durante a nossa vida sem que verdadeiramente tomemos consciência do que representa em nós cada palavra que balbuciamos. 

Entre todas as orações a que ocupa, seguramente, o primeiro lugar é a do Senhor, o «PAI-NOSSO» porque possui os cinco mais importantes requisitos que toda a oração deve ter:
1) ser confiante
2) ser recta
3) ser ordenada
4) ser devota
5) ser humilde

A oração produz três benefícios:
1) É remédio útil e eficaz contra o mal, porque antes de mais liberta dos pecados cometidos, segundo aquilo que diz de si o salmista: «confessei a ti o meu pecado. E tu absolvestes a minha iniquidade» (Sl 32, 5);
2) É o meio para obter tudo aquilo que desejamos. É Jesus quem o prometeu: «Tudo o que suplicardes e pedirdes, crede que recebestes, e assim será para vós» (Mc 11, 24);
3) É útil também porque nos faz familiares de Deus, para Lhe podermos dizer com confiança: «Subo a minha prece como incenso na tua presença» (Sl 141, 2).

1. «PAI-NOSSO» = a paternidade e maternidade de Deus
Deveres que emanam desta paternidade e maternidade:
a) Devemos honrá-Lo/a
b) Devemos imitá-Lo/a
c) Devemos obedecer-Lhe. É na verdade nosso Pai e Mãe.
d) Devemos ser pacientes nas provas que nos envia.
e) E corajosos em enfrentá-las.

2. «QUE ESTÁS NOS CÉUS» = Tensão entre o «além» e o «aquém»
Três exortações destas palavras:
a) Induzir o orante a preparar-se para a oração
b) Indicar a facilidade com que o Senhor nos escuta, porque nos está próximo. «Céus» não representa distância, mas o lugar especial da habitação de Deus.
c) Aludir à eficácia daquele que nos houve.

Três razões destas palavras que nos devem conduzir à oração:    
a) Pelo poder daquele a quem nos dirigimos para pedir
b) Pela familiaridade com Ele que aí aparece, a proximidade de Deus
c) Pela conveniência ou idoneidade da nossa oração, o desejo de bens mais elevados, o bens de Deus.

3. «SANTIFICADO SEJA O VOSSO NOME» = primeiro pedido da oração. Pedimos que o nome de Deus se manifeste e resplandeça em nós.
Ora, o nome de Deus:
a) É maravilhoso: porque realiza maravilhas em todas as criaturas.
b) É Amável: porque «na verdade não existe outro nome dado aos homens debaixo do céu, no qual esteja estabelecido que podemos ser salvos» (Act 4, 12). E a salvação todos nós a devemos amar.
c) É venerável. O nome mais alto e mais nobre que existe.
d) É inefável. Porque nem sempre é fácil exprimí-Lo. Muitas metáforas o tentam designar: «Pedra»; «Iahweh»; «Eloim»; «O Santo»; «a Luz»...

4. «VENHA A NÓS O VOSSO REINO»
Mas se o Reino já veio para quê pedir de novo a sua vinda? - O nosso pedido tem um tríplice sentido:
a) Pode de facto o reino já estar presente no meio de nós, mas nem todas as pessoas já vivem os valores do reino; mais se compreende como apelo à conversão, à destruição do pecado e da morte;
b) Por «reino de Deus» pode-se entender a glória de Deus. Reino quer dizer regime, pedimos que o regime de que ninguém se oponha à vontade de Deus aconteça no meio de nós.
c) Neste mundo onde reina o pecado, nós pedimos que reine em nós não o pecado, mas que reine o próprio Deus;

5. «SEJA FEITA A VOSSA VONTADE ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU»
Qual o significado deste pedido?
Deus que três coisas em relação a nós, e nós pedimos que estas três coisas se realizem:
a) A primeira coisa que Deus quer de nós é que nós consigamos a vida eterna. (história dos anormais nos jogos Olímpicos de Seatle)
b) A segunda coisa que Deus quer de nós, é que observemos os mandamentos (comparação do médico que quer curar o seu doente, exige a dieta, os medicamentos e alguns sacrifícios). Ora se Deus quer dar-nos a vida eterna, quer também que façamos tudo para a alcançar, guardando os mandamentos por exemplo, como diz Jesus: «Se queres entrar para a vida guarda os mandamentos» (Mt 19, 17).
c) A terceira coisa que Deus quer para nós é que sejamos restituídos ao estado e à dignidade em que foi criado o primeiro homem: estado e dignidade de tal modo grandes, que o seu espírito e a sua alma estavam em plena comunhão com Deus. Nem o sofrimento, nem a corrupção, nem a doença e nem a morte o podiam derrotar, porque a sua vida assentava sobre o espírito de Deus.

6. «O PÃO NOSSO DE CADA DIA NOS DAI HOJE»
O Espírito Santo ensina-nos a evitar cinco pecados a que somos levados pelo desejo das coisas materiais:
a) O apetite imoderado pelas coisas materiais;
b) Para ter o bens materiais, prejudicar e enganar os outros;
c) A vontade exagerada de «ter» cada vez mais em detrimento da vontade de «ser» cada vez mais;
d) A voracidade exagerada. Há pessoas que lhes apetece consumir num só dia aquilo que lhes daria para muitos dias, meses e anos;
e) A Ingratidão; a riquezas muitas ou poucas vêm de Deus sempre;
f) A excessiva preocupação perante as coisas do mundo;

O pão material é importante, mas mais importante que esse é a Palavra de Deus, «Nem só de pão vive o Homem mas de toda a palavra que sai da boca de Deus» (Mt 4, 4). Quando pedimos pão a Deus, pedimos que Ele nos dê a Sua Palavra e que Ela seja a norma de conduta para todo o nosso viver.

7. «PERDOAI-NOS AS NOSSAS OFENSAS ASSIM COMO NÓS PERDOAMOS A QUEM NOS TEM OFENDIDO»
O que fazemos ao dizer «perdoai-nos as nossas ofensas». Sobre este pedido podemos fazer três perguntas: 1) Por que razões o fazemos?; 2) Quando se cumpre?; 3) Que é que se exige da nossa parte para que se cumpra?; Reparemos na respostas:
a) Deste pedido aprendemos dois ensinamentos para a nossa vida: 1) o Homem deve manter-se sempre no temor (sentido de respeito) e na humildade; Segundo, deve o Homem viver sempre na esperança, embora pecadores devemos ter confiança no amor e misericórdia de Deus, porque diante do arrependimento Deus perdoará sempre;
b) Quanto à segunda pergunta, deve-se saber que ao pecado se distinguem duas coisas: a culpa com a qual se ofende a Deus e a pena devida por causa da culpa. A culpa é tirada pelo arrependimento e a pena colmatada com o propósito da emenda;
c) Quanto à terceira pergunta é de frisar que da nossa parte exige-se que perdoemos ao nosso próximo as ofensas que ele nos fez; é por isso que se diz: «como nós perdoamos a quem nos tem ofendido», como condição para que Deus nos perdoe.

8. «E NÃO NOS DEIXEIS CAIR EM TENTAÇÃO»
Sobre este pedido colocamos três interrogações: 1) O que é a tentação?; 2)  Como e por quem o Homem é tentado?; 3) Como é a libertado da tentação?
Ensaiemos algumas respostas:
a) Tentar é experimentar ou pôr à prova, pelo que tentar alguém é pôr à prova a sua virtude, mas cuidado que muitas vezes somos postos à prova a ver se somos capazes de optar pelo bem contra o mal...
b) Os bens materiais são o modo mais frequente pelo qual o Homem se vê tentado. Os do mundo (a sede do luxo, o dinheiro, a fama, o mostrar-se na comunicação social...) são as forças maiores que desviam o Homem dos bens espirituais...
c) Falta saber como nos livramos da tentação. Reparemos que Cristo não nos ensinou a pedir para não sermos tentados, mas para não cairmos na tentação. Ser tentado é humano, mas consentir é coisa diabólica.
Sentido das seguintes palavras:
O Diabo ou Satanás  = Espírito do mal que comanda toda a maldade do mundo.
Inferno = Ausência da comunhão com Deus. A não felicidade.
Purgatório = Tempo de purificação. Estado de alma que se prepara para entrar na comunhão de Deus.

9. «MAS LIVRAI-NOS DO MAL»
Jesus ensina-nos a pedir para sermos preservados do mal. E este pedido é geral, é contra todos os males: pecados, enfermidades e aflições, como diz Santo Agostinho.
Pedimos:
a) Para que não nos fira a aflição. Raramente não somos afligidos, porque «todos os que quiserem viver com piedade em Cristo Jesus serão perseguidos» (2Tim 3, 12);
b) Consolo quando a as aflições nos atingem. Se, na verdade, Deus não o consolasse, o Homem não conseguiria resistir. Por isso o salmista reza: «Quando as preocupações se multiplicam em mim, as Tuas consolações me deleitem» (Sl 94 [93], 19).
c) Concedendo aos aflitos tantos bens que se esquecem dos males, a ponto de fazer dizer como Tobias: «Não te agradam as nossas aflições, mas depois da tempestade fazes voltar a tranquilidade e depois das lágrimas e do choro infundes a alegria» (Tob 3, 22). Não são de temer as tentações e as tribulações (lembremo-nos da mulher que acaba de dar à luz...)
d) Para transformar-se em bem a tribulação e a tentação. É por isso que não se diz «libertai-nos da tribulação», mas «do mal», porque para os santos as tribulações servem para sua coroa e, por isso, eles gloriam-se, como se gloriava São Paulo quando dizia: «Nós alegramo-nos também nas tribulações, sabendo que a tribulação produz paciência, a paciência uma virtude provada e a virtude provada a esperança. A esperança nunca desilude» (Rom 5, 3-5). Deus, portanto, livra o homem do mal da tribulação quando a vira para o bem: e isto é sinal da máxima sabedoria, portanto, porque é próprio do sábio ordenar o mal para o bem.

CONCLUSÃO
Na oração do Pai-Nosso estão contidas todas as coisas que se devem desejar e todas aquelas de que se deve fugir. Entre as mais desejadas estão as que se amam mais, isto é, DEUS. Por isso, a primeira que pedimos é a glória de Deus, dizendo: «santificado seja o Vosso Nome».
A Deus fazemos três pedidos:
1) É o de poder alcançar a vida eterna, quando dizemos: «Venha a nós o Vosso Reino».
2) É para que façamos a vontade e realizemos a justiça de Deus, e pedimos isso quando dizemos: «seja feita a Vossa Vontade».
3) É para que se realizem as coisas necessárias à vida, e pedimos isso quando dizemos: «o pão nosso de cada dia nos dai hoje».
A estes três pedidos Jesus alude quando diz sobre o primeiro: «procurai antes de mais o Reino de Deus»; sobre o segundo: «a sua justiça», e sobre o terceiro: «e tudo o resto vos será dado por acréscimo» (Mt 6, 33).
Das coisas a evitar e das quais devemos escapar são aquelas contrárias ao bem. E o bem que devemos desejar é sempre o mais elevado. O primeiro é a glória de Deus. E nenhum mal é contrário a ela porque resulta quer do bem quer do mal: do mal enquanto Deus o rejeita, do bem porque o premeia. O segundo, é a vida eterna, e este é contrário ao pecado, porque ela é perdida com o pecado.  Para o remover dizemos: «perdoai-nos as nossas ofensas como nós perdoamos a quem nos tem ofendido». O terceiro bem são a justiça e as boas obras, e a este bem são contrárias as tentações, porque elas impedem-nos de fazer o bem. Para remover este mal pedimos: «não nos deixeis cair em tentação». O quarto bem são as coisas necessárias à vida. Às quais se opõem as adversidades e as tribulações. Para remover pedimos: «livrai-nos do mal. Ámen».
José Luís Rodrigues 

1 comentário:

José Machado disse...

Pai/Mãe Nosso!
Quantos pensam assim?
Quantos ainda pensam que seria mais lógico dizer-se Mãe, apenas?...
Cumprimentos
Jose