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quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Tudo passa para dar lugar à esperança

Mesa da Palavra
Comentário à Missa do próximo domingo
Domingo XXXIII Tempo Comum, 18 de Novembro de 2012
Os tempos correm tristes. A depressão toma conta de muita gente. A situação económica do país contagia os estados de alma de toda a gente. As medidas de austeridade provoca sobressaltos em muitos sectores e pouco ou nada parecem resultar. Ninguém escapa a um certo desânimo e parece não ter lugar o sentido da esperança. E mais grave ainda, parece, que a violência começa a ganhar adeptos e expressão muito forte nas ruas das nossas cidades. Fatalmente, nada que já não estivéssemos à espera. Vamos, apesar de tudo, ao reacender daquilo que é muito importante na vida, a esperança. É o que nos convida a fazer os textos da missa deste próximo domingo.  
Neste ambiente triste, cabe-nos recordar que em cada manhã a vida volta a ressuscitar e a dádiva de sabermos que os nossos olhos se reabrem para a luz da manhã deve ser um dom maravilhoso que todos devemos saber contemplar.
A regra do "tudo passa" é importante. Mas, não pode esta certeza privar-nos de denunciar que os tempos estão tristes, não só porque continuamos a ouvir palavras sobre austeridade, cortes nos salários, despedimentos só porque sim ou não, terrorismo, violência, miséria, fome, desemprego, droga, corrupção... Mas também, porque ouvimos em todo lado, palavras ofensivas, palavrões, de pessoas que se esperaria elevação e dignidade. As ofensas roçam a linguagem do calhau e poucos se indignam com isso. Parece já não existirem pessoas que merecem respeito. A linguagem estalou com o verniz dos tempos que correm, porque a mentira vale muito mais, mas mesmo muito mais do que toda a verdade.
São poucos os que são «escravos» da palavra e muitos os que se limitam a dizer palavras ocas que depois não induzem à fidelidade do seu compromisso. O povo é o bombo da festa. Parece satisfeito até certa medida. Basta-lhe muitas vezes vegetar à sombra da ignorância e comprazer-se com os arrotos da abundância de festas, quiçá, migalhas que caiem da mesa dos corruptos ou dos ditos democratas que este mundo "pariu" para nos desgovernarem. Os tempos estão tristes. Ainda estou para crer na crise que os verdadeiros ladrões inventaram. Só acredito na crise dos bolsos vazios da generalidade das pessoas. A pobreza toma conta de muitas das nossas famílias. Os tempos estão tristes e ninguém se importa nada com isso. É pena!
Mas, apesar de tudo fica-nos a garantia de Jesus que, num futuro sem data marcada, o mundo velho do egoísmo, da ganância e do poder pelo poder vai cair e que, no seu lugar, Deus vai fazer aparecer um mundo novo, de vida e de felicidade sem fim para todos. A nós seus discípulos, Jesus pede que estejamos atentos aos sinais que anunciam essa nova realidade e disponíveis para acolher os projectos, os apelos e os desafios de Deus.

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