Comentário à Missa do próximo domingo
Domingo XXXIII Tempo Comum, 18 de Novembro de 2012
Os
tempos correm tristes. A depressão toma conta de muita gente. A situação
económica do país contagia os estados de alma de toda a gente. As medidas de
austeridade provoca sobressaltos em muitos sectores e pouco ou nada parecem
resultar. Ninguém escapa a um certo desânimo e parece não ter lugar o sentido
da esperança. E mais grave ainda, parece, que a violência começa a ganhar
adeptos e expressão muito forte nas ruas das nossas cidades. Fatalmente, nada
que já não estivéssemos à espera. Vamos, apesar de tudo, ao reacender daquilo
que é muito importante na vida, a esperança. É o que nos convida a fazer os
textos da missa deste próximo domingo.
Neste
ambiente triste, cabe-nos recordar que em cada manhã a vida volta a ressuscitar
e a dádiva de sabermos que os nossos olhos se reabrem para a luz da manhã deve
ser um dom maravilhoso que todos devemos saber contemplar.
A
regra do "tudo passa" é importante. Mas, não pode esta certeza
privar-nos de denunciar que os tempos estão tristes, não só porque continuamos
a ouvir palavras sobre austeridade, cortes nos salários, despedimentos só
porque sim ou não, terrorismo, violência, miséria, fome, desemprego, droga, corrupção...
Mas
também, porque ouvimos em todo lado, palavras ofensivas, palavrões, de pessoas
que se esperaria elevação e dignidade. As ofensas roçam a linguagem do calhau e
poucos se indignam com isso. Parece já não existirem pessoas que merecem
respeito. A linguagem estalou com o verniz dos tempos que correm, porque a
mentira vale muito mais, mas mesmo muito mais do que toda a verdade.
São
poucos os que são «escravos» da palavra e muitos os que se limitam a dizer
palavras ocas que depois não induzem à fidelidade do seu compromisso. O povo é
o bombo da festa. Parece satisfeito até certa medida. Basta-lhe muitas vezes vegetar
à sombra da ignorância e comprazer-se com os arrotos da abundância de festas,
quiçá, migalhas que caiem da mesa dos corruptos ou dos ditos democratas que
este mundo "pariu" para nos desgovernarem. Os tempos estão tristes.
Ainda estou para crer na crise que os verdadeiros ladrões inventaram. Só
acredito na crise dos bolsos vazios da generalidade das pessoas. A pobreza toma
conta de muitas das nossas famílias. Os tempos estão tristes e ninguém se
importa nada com isso. É pena!
Mas,
apesar de tudo fica-nos a garantia de Jesus que, num futuro sem data marcada, o
mundo velho do egoísmo, da ganância e do poder pelo poder vai cair e que, no
seu lugar, Deus vai fazer aparecer um mundo novo, de vida e de felicidade sem
fim para todos. A nós seus discípulos, Jesus pede que estejamos atentos aos
sinais que anunciam essa nova realidade e disponíveis para acolher os
projectos, os apelos e os desafios de Deus.
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