
Somos um povo extraordinário. Como dizia o outro, o melhor povo do mundo, de facto não se vê outro povo no mundo que se refaça tantas vezes das tragédias que vão caindo todos os anos sobre si nem muito menos vemos um povo tão rijo que suporte tanta irresponsabilidade, corrupção e desmandos de políticos que se instalam no poder, como acontece no nosso país e na nossa região. Um povo bom, porque se vai habituando, mas lutando com bravura contra os incêndios nos tempos de calor e com os dilúvios no tempo das chuvas. Esta resistência é notável e tanto ou mais impressionante que as consequências da capacidade destrutiva das chamas e das águas quando se abatem sobre as nossas terras.
As várias tragédias dos últimos anos entre nós são verdadeiras lições que poucos aprendem com elas. Com estas lições todas, já temos mais que tempo para pensar e procurar prevenir. É com este povo que se aprende muita coisa. Seria mais útil aos governantes escutarem as nossas gentes ao invés de se guiarem por alguns doutorzecos/engenheirados que as Universidades vão produzindo cheios de peneiras teóricas que estão a dar cabo do nosso ambiente e do equilíbrio da natureza.
Então, ensina o nosso povo que «o que é das ribeiras e do mar não se mexe, porque vêm buscar sempre o que é seu...» e «com o tempo não se brinca...» «não é o tempo que abana as canas»... Estes exemplos apenas entre tantas máximas que o nosso povo pronuncia quando confrontado com a arrogância teimosa e com os desmandos da classe que se toma por todo-poderosa e que acha que tudo quer, pode e manda. Com estas máximas a nossa terra foi construída durante cinco séculos com grande respeito pela natureza e pelas forças que em cada sazonalidade o ambiente vai proporcionando. Podem dizer, a Madeira não cresceu, não se desenvolveu, o nosso povo não passava de uns vilões submissos, o atraso era grande a todos os níveis... Muito certo tudo isto! Mas, que adianta enfrentar a natureza, violando os espaços que pertencem às ribeiras e ao mar construindo debaixo do perigo, para que depois venhamos a lamentar a perda de bens e de vidas? - Há por aí uma série de abusos que já deviam ter sido sancionados e quem os tem praticado devia sentir vergonha de aparecer nestes momentos de lágrimas e de tragédia.
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Ai como se torna irritante e insultuoso ver esta derrocada de políticos a se passearem pelo meio dos estragos... Esperemos que não sejam só as botas de água que se lhes vê enfiadas naqueles corpos de gabinetes, mas que arregassem as mangas para o trabalho para ajudarem as pessoas a verem menorada a sua desgraça nesta hora de tristeza. Porém, tudo com a máxima dignidade e respeito, sem instrumentalização de ninguém, chega de servir-se da desgraça alheia para mais arrogância e prepotência infantil.
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