Solenidade
de Cristo, Rei do Universo
Ano B - XXXIV Domingo Comum
Ano B - XXXIV Domingo Comum
Jesus,
por fim, assume que é Rei, como diz Pilatos. Não um rei dos jogos do poder, da
corrupção e do domínio sobre os demais. É o Rei da verdade, da beleza e da
bondade só isso diz tudo. Quem segue este valores, pertence ao seu reinado.
De
que se trata esta realeza? - Trata-se de uma realeza ao contrário. É um reinado
do avesso. Nada tem a ver com a realeza dos reis deste mundo. Não se trata de
um Jesus Rei, rodeado de gente importante, exércitos ávidos de combate e de poder.
O Reino de Jesus é antes dos famintos, dos que têm sede e fome de justiça, dos
peregrinos, dos sem roupa, dos desempregados que são tantos entre nós e que é a
pior das tragédias que se abateu sobre as nossas famílias, dos doentes e dos
prisioneiros... Jesus é rei da possibilidade da justiça e do amor que deve ser
dado gratuitamente a quem a vida devotou á desgraça, ao sofrimento. Porque são
estes de quem ninguém quer saber. Os habitantes da margem são as multidões
abandonados pelos poderes deste mundo que se plantam em poltronas douradas para
dominar, servir-se e servir os seus familiares e amigos.
Nietzsche,
no seu «Anticristo», proclamará que o «Reino de Deus» é uma «lastimável
mentira», que serviu para a Igreja fixar os seus valores que chama «vontade de
Deus». Nisso consistia o domínio e o poder da Igreja. Neste sentido, para este
autor o Cristianismo é uma religião da «decadência» e não da libertação da
humanidade. Em muitos momentos da história da Igreja e ainda nalguns meios da
Igreja na actualidade devemos dar razão ao autor de «Assim falou Zaratrusta».
Mas, de acordo com o sentido do Evangelho e a postura de Jesus, descobre-se um
sentido cheio de libertação no Reino de Jesus. Por esta verdade, Jesus estende
os braços na Cruz, como um derrotado humanamente falando, mas do ponto de vista
espiritual, Ele vai até ao fim pela verdade que salva.
A
aparente derrota de Jesus é a lógica do poder posta do avesso. Jesus é um Rei
que não se coaduna com as injustiças sociais, pessoais e institucionais. A sua
morte na Cruz é o resultado da sua acção contra tudo o que não promove a
dignidade da vida e do amor. É o preço a pagar pela sua radical preferência
pelos desafortunados deste mundo. Na escola de Jesus, só se ensina uma única
matéria: o Reino! Este Reino que se aprende da vida e do exemplo do Mestre. O
exemplo de Jesus e a Sua vida radicam na partilha que resulta na fraternidade,
na amizade e no amor ao próximo. É este Reino que sonhamos para o mundo, o
nosso mundo. Urge acabar com a lógica do domínio do forte sobre o mais fraco, é
preciso acabar com a ganância geradora de pobreza. Urge semear a vida para
todos. Urge considerar cada um como um ser único e digno de ser amado, como
fazia Jesus.
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