A notícia resume-se a isto: «Papa reafirma
virgindade de Maria e diz que o burro e a vaca não estavam no presépio».
Mas o que é isto? – Bom, delírio, só pode.
Não podia haver alguém lá pelo Vaticano que dissesse
ao Papa que este tema da virgindade de Maria não interessa a ninguém? Que hoje
é um trabalho inglório explicar a um jovem normal que uma mulher que teve um
filho continua a ser virgem? – Um tema que não interessa a ninguém…
Como eu gostaria de ouvir do Papa o seguinte. Irmãos
de todo o mundo, Nossa Senhora, a nossa mãe do céu, Maria de Nazaré, foi a
primeira e principal Apostola de Jesus, tantas vezes no Evangelho toma a
dianteira, achega-se à frente. É o presépio onde Maria assume um grande
destaque, senão o principal. As Bodas de Caná. Maria junto à Cruz. Parece ter
liderado todo o processo do milagre de Pentecostes… Apenas alguns só para
vermos que a sua condição de apostola se destaca no Evangelho e a «nossa»
Igreja Católica dá importância quase nula a esse aspecto, porque quer manter o
lugar da mulher na Igreja exactamente como está, na limpeza das igrejas e a
colocar flores nos altares. Os homens é que mandam e exercem o poder. Assim, devemos
sempre reafirmar Maria sempre virgem, e quiçá quase assexuada, uma mulher
pacífica que recolhe as migalhas que a hermenêutica do poder continua
teimosamente a tirar equivocadamente do Evangelho.
O burro e a vaca não estavam no presépio.
É caso para perguntar para onde foram os raios dos
bichos?
Mais um tema que não interessa a ninguém. Só como
gozo e diversão de Natal. É triste que alguma da «nossa» Igreja Católica se
preste a isto.
Os tempos são de tirar. Então, toca a tirar o que
restava na liturgia cristã que convidava ao respeito pelos animais. Parece que
não, mas os animais no presépio sempre lembram que fazem
parte da criação e devem por isso ser respeitados. A simbiose da criação faz-se
com os animais e eles estão aí presentes no sinal da redenção da criação, o presépio, para que sejam um alerta contra todas
as barbaridades que se cometem contra os animais. Os massacres constantes que
se vão dando por todo lado contra os animais encontram agora mais uma
justificação para espalharem o seu veneno bárbaro.
São Francisco, a quem se atribui a fundação do
presépio tal como o tínhamos até hoje, deve ter entrado numa depressão
impressionante. Porque nisto de se retirar os animais do presépio, vê-se violado o
seu encanto pela natureza ao ponto de nos ensinar que pode ser possível
estender a fraternidade com toda a natureza. Daí que hoje, os tempos da ecologia, São Francisco seja o modelo e a inspiração de todas as acções a favor do respeito pela natureza. Dirá o Santo dos pobres, «ó irmão
burro e irmã vaca, perdoem-lhes porque são delírios do tempo da crise».
Mas, falta ainda
decretar como dogma que afinal Jesus nasceu num palácio, tipo a mansão chefe da
Iurd, o Bispo Edir Macedo, cujas imagens têm circulado na Internet.
Ou então, num palácio como o do Vaticano, onde está a residência dos Papas e
que tinha uma vida luxuosa como tem o Papa, os cardeais e alguns bispos e
outros senhores do tempo, que ao abrigo do templo, vivem como grandes reis todo-poderosos.
Poderia ajudar ainda a crescer na fé o nosso mundo
se fossemos capazes de criar uma mansão colocando lá dentro todos os objectos
de arte que os museus do mundo albergam, que resulta do engenho da humanidade de
todos os tempos e numa poltrona revestida com todo o ouro das igrejas do mundo
nascia Jesus de uma mulher virgem, que sempre foi virgem antes da concepção,
durante a gravidez - facto que a liturgia diz ter sido nove meses, mas fico agora
com sérias dúvidas quanto a isso – e mais extraordinário continua virgem após o nascimento. Ámen. Assim sim…
Vamos ter um Jesus mais de acordo com a sua altíssima dignidade divina, porque
ele ser humano e ainda para mais pobre, nascido num estábulo entre animais é
ofensa que brada aos céus.
Por aqui vamos continuar a fazer o presépio como sempre fizemos, nenhuma figura ficará de fora do seu lugar e se for possível ainda vamos colocar mais alguns animais para que se mostre claramente que não precisávamos que ninguém nos tire tanto, ainda para mais vindo de quem vem, o Papa.
4 comentários:
Como bem diz, é a figura da Mulher libertadora, a Maria do Sim, a Maria do Silêncio, da entrega da Oração, que a Igreja deveria proclamar a exemplo.Essa "santa" emancipação parece não interessar pois, infelizmente, enquanto as Mulheres de hoje são sucesso em todas as profissões no Mundo, a Igreja quere-as obedientes, assíduas e....vazias de preferência!.
Quanto aos animais, será que S. José vendeu o burrico onde transportou Maria prestes a ser Mãe e onde fugiram para o Egipto? Mistério......
Tema polémico mas, ao abordá-lo, demonstra a coragem que tem faltado à Igreja ao longo dos séculos, sempre na cauda do pelotão, sempre a reboque sem ousar romper com anquilosados conceitos.
Caro padre,estou longe de ser teólogo, mas quer me parecer que a virgindade de Maria confere deicidade a Jesus. E falar dessa virgindade como redutora é não reconhecer a importância da abnegação, fundamental à mensagem cristã.
Sim, é certo que não será um assunto muito importante. Como também será um desperdício da palavra fazer alegações em sentido contrário.
Caro Amigo Pe.José Luís: ponha-se a pau!
Se quer manter o seu lugar, meça bem o que afirma...
A empresa a que pertence, não perdoa...
Veja como ela tratou este seu elemento que fez/faz XIXI fora do penico:
http://www.jornalfraternizar.pt.vu/
O meu abraço e apoio!
Jose
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