Traduzo uma mensagem anónima que
bem pode retratar aquilo que cada um de nós já sentiu alguma vez.
Quando observo um campo por
lavrar, quando as alfaias da lavoura estão desprezadas, quando a terra está mal
tratada, pergunto-me: Onde estão as mãos de Deus?
Quando observo a injustiça, a
corrupção, o explorador do débil; quando vejo o prepotente a enriquecer às
custas do pobre, do trabalhador ou do agricultor sem recursos para defender os
seus direitos, pergunto-me: Onde estão as mãos de Deus?
Quando contemplo uma velhinha no
esquecimento; ou os filhos órfãos de pais vivos sofrendo sozinhos no seu
sofrimento, pergunto-me: Onde estão as mãos de Deus?
Quando vejo o moribundo na sua
agonia cheia de dor ou observo o seu par desejando não vê-lo sofrer; quando o
sofrimento é intolerável, pergunto-me: Onde estão as mãos de Deus?
Quando contemplo um jovem,
outrora forte e decidido, mas agora embrutecido pela droga ou pelo álcool;
quando vejo titubeante o que antes tinha uma inteligência brilhante e agora
está em farrapos sem destino, pergunto-me: Onde estão as mãos de Deus?
Quando observo uma criança de
madrugada a dormir à porta do centro comercial com uma caixa de pensos-rápidos
por vender titiritando de frio ou quando a vejo a deambular sem alegria de
viver, pergunto-me: Então Deus não faz nada?
Onde estão as Tuas mãos, Senhor,
para lutar pela justiça, para dar um consolo, para resgatar a juventude ou para
acalentar com ternura e amor todos os que sofrem?
Perante estas cenas, ó Deus, Tu
não fazes nada?
E no meio deste desabafo,
parece-me ouvir uma voz longínqua: “Como podes dizer que Eu não faço nada se eu
te fiz a ti. As minhas mãos estão aí.”
E compreendo que as mãos de Deus
somos TU E EU, SOMOS NÓS.
Dou-me conta que as minhas mãos
estão vazias porque não dei o que deveria dar, não lutei o quanto podia nem
amei como sabia.
O mundo precisa das mãos de Deus
que se prolongam nas nossas mãos cheias de ideais, de coragem e de amor. Ele
continua a sugerir. As tuas mãos são as minhas.
David Quintal
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