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sábado, 30 de março de 2013

Calvários e Paixões de antes e de hoje

Semana Santa - reacender a esperança

«A Paixão não terminou no Calvário» D. António Carrilho, bispo do Funchal.
Eis então o Calvário do mundo de hoje onde soa tão alto a Paixão. Então, por falta de coragem por cá um bispo de lá, concretizou, dizendo a voz de Jorge Ortiga, Arcebispo de Braga. Porque embora a Madeira tenha os seus Calvários com Paixões terríveis, escasseia, infelizmente, militância apaixonada pelo nosso povo, para colocar-se radicalmente ao seu lado e dizer com coragem o que deve ser dito.
Bom tendo em conta que o Calvário Continental não deve divergir muito do nosso, embora seja só lá que há gente agarrada ao poder, só lá é que é preciso mudança e só lá é que há forças obscuras que fazem sofrer o povo com o crivo desumano da austeridade… O bispo de Braga não teve medo de colocar o dedo na ferida, fazendo jus à trama terrível que resulta na morte de um inocente, concretizando, hoje como antes as mesmas tramas em nome da cegueira do poder que fazem vítimas sem culpa nenhuma.
Então não poupou o arcebispo de Braga que a «corrupção judicial» e as «mentiras dos astrólogos» são uma praga que conduzem à desgraça uma porção enorme do nosso povo. Estes continentais com o que se entretêm… Reparem na seguinte questão: «Por que é que nós consentimos que tantos seres humanos continuem a ser vítimas da miséria social, da violência doméstica, da escravatura laboral, do abandono familiar, do legalismo da morte, da corrupção judicial, das mortes inocentes na estrada, das mentiras dos astrólogos, do desemprego, de uma classe política incompetente e do monopólio dos bancos?» Pois, pois… sr. arcebispo Jorge Ortiga.
O prelado Jorge Ortiga manifestou-se preocupado com o número de suicídios «que aumentam diariamente» em Espanha, por causa da penhora de casas, e advertiu que, «em breve, este drama poderá chegar» também a Portugal: Mas, à Madeira estou mais que convencido que nada disto acontecerá… Lol. Estamos com quase com pleno emprego, com os idosos todos muito bem servidos com o melhor sistema de saúde do país, reformas com os devidos suplementos para que a ninguém falte nada para ter uma vida condigna, temos a melhor educação, os melhores quadros em todos os serviços da administração pública… O eldorado madeirense não tem Calvários nem muito menos Paixões, Srs. bispos.
Uma preocupação extensiva às depressões dos jovens portugueses, «que se fecham nos seus quartos por causa do desemprego», e às famílias «cujo frigorífico se vai esvaziando». Também por cá deste Calvário e Paixão não nos queixamos.
A seguir denunciou as más ações daqueles que têm a responsabilidade de salvar o país e o seu povo. Afirma o prelado: «Os políticos, por seu turno, refugiam-se em questões sem sentido do verdadeiro bem comum e o sistema bancário, depois de ter imposto a tirania de consumos desnecessários para atingir metas lucrativas, hoje condiciona o crédito justo às jovens famílias portuguesas, com taxas abusivas que dificultam o acesso a uma qualidade de vida com dignidade» criticou veementemente o arcebispo de Braga.
Eis então o quadro da Paixão dos Calvários deste nosso país. É pena que entre nós não tenhamos uma autoridade religiosa que dissesse alto e bom som que esta é também a nossa crua e dura realidade. De qualquer forma, Deus continua a nos revelar, mesmo que distantes de nós, vozes vibrantes que vêm, ouvem, leem e gritam profeticamente contra as injustiças deste nosso país que há muito se esqueceu que a razão de ser mais importante da sua existência como nação é o seu povo. São poucos os que pensam nisso e se pensam é para fazem do povo matéria-prima para os seus intentos puramente materialistas.
Mas, em todo o caso, que o Calvário e a Paixão de antes nos ilumine com a luz da Páscoa que celebramos com esperança e que o novo céu e a nova terra aconteça no coração de todos como sentido para a vida e que não faltem oportunidades para que as pessoas se tomem e sejam tomadas como gente para sermos todos melhores pessoas uns com os outros. 

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