Habemus papam. Muito bem. Papa deposto Papa posto. Assim deve ser sempre. Obviamente que devemos receber com
moderada esperança uma nova etapa, uma nova realidade, uma nova pessoa em
qualquer cargo ou missão. Nada de anormal quanto a isso. Assim deve ser em
relação ao novo Papa que os cardeais escolheram.
Porém, senti alguma alegria
perante alguns elementos significativos que me parecem relevantes nesta hora.
Venceu o Espírito Santo, exatamente, como deve ser sempre quando se trata das
coisas de Deus. Saem derrotados os que se
chegam à frente ultrapassando tudo e todos guiados pela ganância do poder. Muito mau seria se hoje estivéssemos aqui a
falar e refletir sobre um homem eleito levado ao colo pelos vários partidos que
sempre se formam nestas ocasiões da eleição papal. Ou que o Papa tinha sido
eleito pelas alas conservadoras e restauracionistas que proliferam hoje dentro
da Igreja Católica com muita força e em grande abundância. Dizem as crónicas,
que o Papa Francisco, é um conservador moderado. Seja o que Deus quiser e que a
Igreja seja conduzida para onde deseja o Espírito Santo.
Por isso, foi muito bom que
nenhum dos mais falados, os famosos papabile, não tenham sido escolhidos. Logo
no início já o tinha dito, confio no Espírito Santo que nenhum destes chega a
Papa, graças a Deus assim foi. Então venceu o Espírito Santo, porque foi buscar
alguém «quase do fim do mundo» (Papa Francisco dixit), alguém que está na
margem, distante dos jogos e dos joguetes de uma Cúria Romana, mergulhada em escândalos
morais que bradam aos céus e dividida em grupos com ligações à máfia e envolta
no fumo negro da corrupção.
Nesse contexto o Espírito
Santo solta o seu desejo e oferece à Igreja Católica e ao mundo um Papa, que
como bispo é amigo das pessoas, abdicou do palácio episcopal e vai viver junto
da sua catedral num singelo apartamento, alguém que se dedica aos seus padres e
que fala da pobreza com exemplos concretos, fala com todos e ama a todos com
total desinteresse. Andava no meio da rua, no autocarro e que ia a qualquer bar
comer uma sandes com os seus padres. Alguém que enfrenta os poderosos deste
mundo com coragem para defender os seus princípios e convicções. Alguém que foi
viver para o meio de um bairro de lata no meio dos pobres, na barraca de um dos
seus padres que estava ameaçado de morte por grupos do narcotráfico.
Alguém que eleito Papa, não
se apresenta com os enfeites do poder secular que marcam desde o primeiro momento
a distância e promovem a papolatria. Alguém com um ar cheio de bondade e
simpatia que me fez lembrar o saudoso Papa João XXIII. Alguém que se curva humildemente
diante do povo para implorar a oração a bênção de Deus. Mais ainda nunca se apresenta como Papa mas como bispo de Roma, reza e pede oração pelo bispo emérito de Roma, Bento XVI. Sinais importantes, que esperamos que tenham consistência concreta e prática no pontificado que agora se inicia.
O mais significativo parece-me
ser também o facto de o Espírito Santo desejar assinalar que a Igreja Católica
precisa de mudanças urgentes e de conversão constante. Uma mensagem que todos
nós devemos reter e tomar a sério para que a Igreja se apresente ao mundo e aos
homens e mulheres de hoje com uma linguagem de misericórdia e que saiba escutar
de verdade todas as inquietações e problemas que acompanham a humanidade nos
nossos dias.
Outro dado tem que ver com a escolha
surpreendente da escolha do nome, Francisco. Um nome, pensamos nós, que seja uma
alusão a São Francisco de Assis, aquele que jovem provoca uma revolução na Igreja,
desafiando o Papa e a cúria romana que nadava em faustosidade e riqueza. Diante
disso, faz a escolha de viver no desprendimento total face aos bens materiais e
com um amor radical pelos mais pobres.
Bom, neste momento encetamos
a vida com esperança e desejamos que o Espírito Santo continue assim a nos
surpreender e que as forças diabólicas que tomam a Igreja de assalto não saiam em
nenhum momento vencedoras. E que o Papa encontre apoio, coragem e firmeza para
levar adiante «a barca de Pedro» no caminho do Evangelho de Jesus de Nazaré.
1 comentário:
Para mim, melhores primeiras impressões acho que era impossível. Simplesmente excelente e quase inacreditável. Que Deus esteja com ele!
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