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quinta-feira, 7 de março de 2013

Um Deus de liberdade incondicional

Comentário à missa do próximo domingo
IV Domingo da Quaresma, 10 de Março de 2013
O texto do Filho Pródigo é sempre daqueles textos da Sagrada Escritura que nos comovem profundamente. Porque nos apresentam a infinita misericórdia de Deus (o papel do Pai), a dimensão do arrependimento (o filho que cai em si) e a tendência humana para o egoísmo (o Filho mais velho). Mais importante será descobrir que Jesus nos apresenta um Deus amante da liberdade, como oferta incondicional para cada homem e cada mulher.
A liberdade que Deus coloca nas nossas mãos é algo profundamente essencial para a construção da nossa história pessoal. De Deus temos tudo à nossa disposição, não se importa de nos dar tudo o que se lhe pedir, porque é um Deus de liberdade e que a oferece a todos de forma incondicional.
De que servirão os escrúpulos, as regras absurdas e as normas moralistas sem fundamento nenhum que condicionam a liberdade das pessoas? Quanto valor terá uma pessoa diante de Deus se souber, mediante a sua vontade livre, gerir a sua vida sempre para a justiça e para o bem de todos? – São indiscritíveis e incalculáveis as medidas de amor e de misericórdia, que Deus deposita em relação à vivência da liberdade de cada pessoa.
Não devem existir medos nem receios de assumir totalmente a liberdade, mesmo que se corra o risco de falhar ou pecar. A nossa fé deve crer de verdade que a misericórdia de Deus existe e que serve para nos reconduzir
à profundidade da vida em liberdade. Nenhuma pessoa deve abdicar desta graça maravilhosa que Deus nos concede, mesmo que as quedas para o erro sejam uma circunstância inevitável de toda a vida.
O amor de Deus, diante do filho mais novo arrependido, está bem presente nesta história do Filho Pródigo. Ninguém está livre de não saber usar a liberdade que Deus nos dá de forma correcta e equilibrada. Todos podem perverter o sentido e a verdade dos caminhos da vida pessoal. Ninguém se livra daquilo que chamamos de pecado ou de erro contra a felicidade, a nossa e a dos outros. Porém, cair em si, também é outra forma humana que Deus nos concedeu, para reconhecer quanto pode ser dura a perversão ou quanto pode ser prejudicial ao sentido da vida, não estar na comunhão com aquilo que é liberdade autêntica. Isto é, reconhecer que o mau uso da liberdade não leva ao bem nem nos faz felizes. No fundo, queremos dizer que a liberdade sem responsabilidade acaba sempre em desgraça. Porém, o arrependimento é sempre algo de maravilhoso, porque conduz de novo aos braços de um Deus que é Mãe e Pai. 

1 comentário:

José Ângelo Gonçalves de Paulos disse...

Padre José Luís, Amigo e Irmão, O Evangelho de Lucas apresenta-nos sp um Deus PAI/MÃE , o binómio do Perdão e do Afecto. O deus rancoroso e vingativo de um antropomorfismo igual à nossa antropologia não está no Evangelho do Senhor Jesus. Isto é, a estrutura mental de superior/inferior; juiz/réu etc. O nosso DEUS ama-nos, a nós,pobres pecadores e reabilita-nos. Desde que tenhamos a humildade do "filho mais novo". O "filho mais velho" temo espectro
daquele que tb Lucas relata-nos : os dois homens que se apresentaram diante do altar e um disse que não era pecador como o outro...E Jesus remata logo "quem se enaltece será humilhado e quem se humilha será exaltado". Será que os cardeais da Congregação para a Doutrina da Fé tem o mesmo procedimento...? Portanto, precisamos ler e reler esta Parábola do PAI que perdoa e reabilita; do Filho Pecador (que abre o coração para que o Pai entre) e o outro, o mais velho, que apodrece na sua conduta moral, hipócrita, de inveja e ciúme. Preferiria ver o seu irmão perdido e a morrer de fome para que ele pudesse usufruir da fortuna material do pai. O mundo actual está mais próximo do "mais velho". Com efeito, Deus é um sinal de contradição porque desperta-nos, todos os dias, para a nossa acção criadora e recriadora da nossa frágil humanidade. "Sede Perfeitos como o vosso PAI" . É um caminho, com muitas tergiversações , mas seguimos sempre numa atitude de busca constante até chegarmos à torrente do Amor, da Justiça e da Verdade, que só encontramos em DEUS: Pai, Filho e Espírito Santo. Vem, Senhor Jesus, e modifica os nosso hábitos totalitários e perfecionistas.