IV Domingo da Quaresma, 10 de Março de 2013
O texto do Filho Pródigo é sempre daqueles textos da
Sagrada Escritura que nos comovem profundamente. Porque nos apresentam a
infinita misericórdia de Deus (o papel do Pai), a dimensão do arrependimento (o
filho que cai em si) e a tendência humana para o egoísmo (o Filho mais velho). Mais importante será descobrir que Jesus nos apresenta um Deus amante da liberdade, como oferta incondicional para cada homem e cada mulher.
A
liberdade que Deus coloca nas nossas mãos é algo profundamente essencial para a
construção da nossa história pessoal. De Deus temos tudo à nossa disposição,
não se importa de nos dar tudo o que se lhe pedir, porque é um Deus de
liberdade e que a oferece a todos de forma incondicional.
De que servirão os escrúpulos, as regras absurdas e
as normas moralistas sem fundamento nenhum que condicionam a liberdade das
pessoas? Quanto valor terá uma pessoa diante de Deus se souber, mediante a sua
vontade livre, gerir a sua vida sempre para a justiça e para o bem de todos? –
São indiscritíveis e incalculáveis as medidas de amor e de misericórdia, que
Deus deposita em relação à vivência da liberdade de cada pessoa.
Não devem existir medos nem receios de assumir
totalmente a liberdade, mesmo que se corra o risco de falhar ou pecar. A nossa
fé deve crer de verdade que a misericórdia de Deus existe e que serve para nos
reconduzir
à profundidade da vidaem
liberdade. Nenhuma pessoa deve abdicar desta graça
maravilhosa que Deus nos concede, mesmo que as quedas para o erro sejam uma circunstância
inevitável de toda a vida.
à profundidade da vida
O amor de Deus, diante do filho mais novo
arrependido, está bem presente nesta história do Filho Pródigo. Ninguém está
livre de não saber usar a liberdade que Deus nos dá de forma correcta e
equilibrada. Todos podem perverter o sentido e a verdade dos caminhos da vida
pessoal. Ninguém se livra daquilo que chamamos de pecado ou de erro contra a
felicidade, a nossa e a dos outros. Porém, cair em si, também é outra forma
humana que Deus nos concedeu, para reconhecer quanto pode ser dura a perversão
ou quanto pode ser prejudicial ao sentido da vida, não estar na comunhão com
aquilo que é liberdade autêntica. Isto é, reconhecer que o mau uso da liberdade
não leva ao bem nem nos faz felizes. No fundo, queremos dizer que a liberdade
sem responsabilidade acaba sempre em desgraça. Porém , o arrependimento é sempre algo
de maravilhoso, porque conduz de novo aos braços de um Deus que é Mãe e Pai.
1 comentário:
Padre José Luís, Amigo e Irmão, O Evangelho de Lucas apresenta-nos sp um Deus PAI/MÃE , o binómio do Perdão e do Afecto. O deus rancoroso e vingativo de um antropomorfismo igual à nossa antropologia não está no Evangelho do Senhor Jesus. Isto é, a estrutura mental de superior/inferior; juiz/réu etc. O nosso DEUS ama-nos, a nós,pobres pecadores e reabilita-nos. Desde que tenhamos a humildade do "filho mais novo". O "filho mais velho" temo espectro
daquele que tb Lucas relata-nos : os dois homens que se apresentaram diante do altar e um disse que não era pecador como o outro...E Jesus remata logo "quem se enaltece será humilhado e quem se humilha será exaltado". Será que os cardeais da Congregação para a Doutrina da Fé tem o mesmo procedimento...? Portanto, precisamos ler e reler esta Parábola do PAI que perdoa e reabilita; do Filho Pecador (que abre o coração para que o Pai entre) e o outro, o mais velho, que apodrece na sua conduta moral, hipócrita, de inveja e ciúme. Preferiria ver o seu irmão perdido e a morrer de fome para que ele pudesse usufruir da fortuna material do pai. O mundo actual está mais próximo do "mais velho". Com efeito, Deus é um sinal de contradição porque desperta-nos, todos os dias, para a nossa acção criadora e recriadora da nossa frágil humanidade. "Sede Perfeitos como o vosso PAI" . É um caminho, com muitas tergiversações , mas seguimos sempre numa atitude de busca constante até chegarmos à torrente do Amor, da Justiça e da Verdade, que só encontramos em DEUS: Pai, Filho e Espírito Santo. Vem, Senhor Jesus, e modifica os nosso hábitos totalitários e perfecionistas.
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