Pouco mais de um mês
antes da histórica resignação do Papa Bento XVI, constou que vinha aí um
documento do Vaticano com normas precisas sobre como celebrar a missa...
Realmente, o que o mundo hoje mais precisava era disso mesmo, normas, muitas
normas sobre como devem estar vestidos os padres quando presidem à celebração
das Eucaristias. Mas, o melhor e que o Vaticano muitas vezes parece esquecer, é
que Deus habita o coração de todos independentemente da indumentária que cada
um ostenta. O Papa Francisco começa a dar sinais interessantes sobre esta sobriedade,
simplicidade ao jeito de Jesus Cristo. A ver vamos em que se traduz para toda a
Igreja Católica.
Acerca de um mês e meio
quando soube da notícia sobre a publicação do documento do Vaticano, que essencialmente falaria das vestimentas
clericais escrevi o seguinte.
O pior de tudo é que a
50 anos da celebração do maior acontecimento do século passado, o Concílio
Vaticano II, que marcou uma grande viragem na Igreja Católica e que a colocou
no caminho do desprendimento e da opção preferencial pelos mais pobres e que no
contexto deste ano marcou a celebração destes 50 anos do Concílio com um ano
sobre a fé. Agora lembrou-se que pode ser importante dar consistência ao circo
que marca alguma Igreja nos tempos que correm.
Alguma Igreja Católica
actualmente está a ser marcada pelo circo, atraiçoando a frescura e a grande
viragem que o Concílio Vaticano II assinalou. Hoje, o Concílio vai sendo
remetido à moda da aposentação antecipada e o mofo de muita coisa vai voltando
em força. Por exemplo, as reflexões alarmantes estão a surgir por todo o lado.
E nós vamos constatando que o gosto pela indumentária eclesiástica ganha
contornos de autênticos ditames da moda e das regras mercantilistas da
sociedade de consumo onde estamos inseridos.
Assim sendo, as propostas
cristãs foram-se transformando em mercadorias, que podem ser compradas ou
rejeitadas de acordo com os caprichos ou gostos consumistas de cada um. A
religião das imagens fortes foram tomando conta de alguma Igreja com os imensos
grupos de cariz carismáticos que nasceram por todo o lado como cogumelos,
tomando conta de alguns padres, que sucumbiram à tirania do jogo das emoções
para seduzir as pessoas, especialmente as mais vulneráveis.
Desta forma, foram sendo
enviadas às urtigas as ideias que faziam da Igreja «o povo de Deus», a
participação de todos os batizados na vida da Igreja com direitos e deveres,
surgiram as estrelas da religião espetáculo, há profissionais para venderem
espetáculos religiosos, os «kits da salvação», as bênçãos para dar vazão da
todos os caprichos, livros marianos carregados de imagens emotivos, vestimentas
caríssimas de todas as cores e com todos os modelos, imagens que são autêntica
bijuteria religiosa que são compradas a preço altíssimos, uma série de coisas
que servem apenas para encher os bolsos de quem se aproveita da vulnerabilidade
e da fragilidade das pessoas para fazer negócio. Perante isto, pergunte, e o
povo? - O povo permanece mudo e inerte... O regresso do clericalismo em força.
Nada disto aponta para o
céu. Antes serve o vazio intelectual e espiritual que persegue muita da
expressão religiosa de hoje. Então temos muitos preocupados com o acessório, o
culto das imagens, as indumentárias e o regresso de muitas delas que tinham
sido arrumadas nos armários, agora regressam bafientas com o mofo anacrónico de
um passado arrumado com o Concílio Vaticano II, mas que a incultura atual não
pretende estudar nem muito menos saber que existiu. Antes procura o poder pelo
poder, a vaidade e a distância porque «carne sagrada» em detrimento dos outros
que estão fora e que devem se remeter à indiferença ou a meros espetadores que
os iluminados, os escolhidos vão fazendo passar. As estrelas espirituais que
pululam por aí são os «pop star» que não remetem as pessoas para o céu, mas
para um paraíso ilusório revestido de fantasia.
Face a este panorama não nos
surpreende que tenha voltado nalguns meios, ditos profundamente religiosos, o
índex (lista de livros proibidos), modelos, catálogos, preçários e marcas de
vestimentas eclesiásticas como acontece com tudo o que compõe a sociedade
mercantilista e consumista de hoje.
Agora, neste contexto não
podiam ser mais animadores os sinais de Papa que se chama Francisco, um irmão
entre irmãos, que saúda como o comum do mortais (Bom dia, Boa tarde e boa
noite) ou então que deseja um «bom almoço» à multidão que o escuta. É um como
nós. Isso muda imensa coisa para já e outras se seguirão, porque em tudo isto,
está a vitória do Espírito Santo e mais se reforça a ideia que contra este «Mistério»
ninguém neste mundo pode fazer nada que trave esse «vulcão» que vem de Deus.
1 comentário:
Meu amigo, que interessa a indumentária quando por vezes se tem mau intimo. Vivemos no mundo do consumismo e nada mais parece interessar. Ás vezes um sorriso, um abraço, uma palavra é a coisa mais valiosa que se pode dar e não custa nada. Gostei do seu texto. Fique bem e boa semana
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