1. Ontem (26 de junho de 20017), fui dar
sangue ao Banco de Sangue do hospital distrital do Funchal (Serviço de Sangue e
Medicina Transfusional). É um desafio voluntário que assumi como dever de
cidadania e por solidariedade com os que mais sofrem, deve ser por isso que
sempre me acompanha a seguinte lembrança, que é uma frase que uma das
enfermeiras me disse e ainda diz todas as vezes que lá vou: «com esta dádiva, ajuda
três pessoas». Calou fundo esta frase e nunca mais a abandonei do meu
pensamento.
2. Dar sangue é a melhor dádiva que se
pode fazer. Um bem tão necessário à nossa vida, mas que de quando vez se pode partilhar
um pouco dele com quem passa pelo infortúnio da doença, porque não lhe permite
que a vida circule com a qualidade necessária. Gosto de o fazer, especialmente,
sempre que chega o Natal e a Páscoa, é a minha oferta natalícia e pascal ao bem
comum. Este ano não tive oportunidade de o fazer na Páscoa passada, só agora
é que foi possível. Estas duas últimas vezes foram uma
verdadeira aventura, essencialmente, pelo que implicou de morosidade.
3. A primeira foto que acompanha este texto, comprova o tempo que
demorei (entrada no estacionamento 08;48 m e saída 11;25 m). Uma manhã
quase toda para esta função, ao contrário do que apontam as campanhas para
angariar dadores, 50 minutos. Um serviço voluntário, gratuito, caridade da mais
radical, não pode demorar tanto, o tempo de espera para cada passo é demasiado.
Um tempo infindo para chegar ao enfermeiro e outro tanto para chegar à consulta
do médico, mais outro ainda para chegar ao bloco da recolha, onde se está cerca
de 20 minutos. Se não fossem os dois dias de folga que são concedidos aos
dadores, provavelmente, a crise de sangue seria bastante grave,
particularmente, para quem precisa que exista este serviço de dádivas célere e bem
organizado.
4. Porque acontece isto? – Perguntarão
os leitores. Porque a falta de pessoal é bem notória. O reduzido pessoal de
enfermagem não tem mãos a medir e claramente vê-se que tudo fazem para que as coisas
decorram com celeridade, mas não podem dar mais. Curiosamente, face ao que
vamos provocando quando o diálogo é possível, são eles mesmos a assumirem que é
humanamente impossível fazer com mais celeridade as coisas. Face ao que os meus
olhos viram nesta aventura do sangue, deixo aqui uma palavra de incentivo e um
forte obrigado à dedicação e ao esforço do pessoal do bloco de recolha de
sangue, que tudo fazem com um zelo irrepreensível pelo bem de quem lá vai e
pelos doentes que anseiam o líquido salvador das suas vidas.
5. Mais um elemento que desmente sob
experiência própria a propaganda oficial, que nos pretende fazer crer que os
investimentos na saúde têm sido avultados e que tudo está a funcionar dentro do
normal. Se assim for, então das duas uma, ou tudo não passa de crua mentira ou
então o hospital está a ser administrado por um bando de incompetentes…
6. Não posso calar esta
partilhar convosco, esta minha experiência relacionada com uma coisa tão
singela nos tempos que correm, dar sangue. Pois devia funcionar em tempo
razoável, para que nunca houvesse falta de pessoas suficientes todos os dias
para partilharem esta dádiva preciosa. Os doentes necessitados o exigem e
merecem que nós partilhemos este pedaço da vida. Não será pelas várias secas
que já apanhei que deixarei de dar sangue, vou continuar a fazê-lo, porque o
farei pensando em quem precisa dele e não serão as circunstâncias que me irão
travar o sentido da solidariedade dando um pedaço de mim se Deus para já me
permite fazê-lo.
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