Comentário à Liturgia do domingo XII
tempo comum...
1. A mensagem bíblica nas missas deste
domingo continua a dar-nos conta da mensagem iniciada no domingo passado, com o
chamado «discurso apostólico» ou do «envio para a missão», é o segundo dos
cinco grandes discursos do Evangelho de São Mateus.
2. Um elemento interessante da mensagem
da missa deste domingo, consiste nos receios e nas dificuldades que sempre
podem acontecer aos discípulos de Jesus. O poder religioso e político instalados,
dominadores e zelosos das suas mordomias insultuosas, sempre reagiram a
qualquer ideia que liberte a maioria dos membros da comunidade. Por isso, Jesus
fala com voz forte: «Não temais…». Neste sentido, os apóstolos de Jesus não
podem ficar no comodismo aconchegante das mordomias principescas, não pode
faltar-lhes a coragem, não se devem esconder, muito menos pode ficar
circunscritos a uma intimidade escondida daquilo que Jesus lhes ensinou e
mandou anunciar. Devem ser vozes vibrantes, corajosas perante a injustiça, a
desonestidade e o desrespeito pelo bem comum. São crentes convictos e
disponíveis para acolher o martírio se necessário. Nada os amedronta, só e
apenas devem viver de pé diante dos homens e de joelhos diante de Deus.
3. Este apelo à coragem associa-se à
confiança na certeza da assistência de Deus que nunca desampara aqueles que lhe
são fieis e que vivem a radicalidade do amor. Deus não é um ausente nem muito
menos um alienado da sorte daqueles que se entregam à causa da paz e da
felicidade para todos. É óbvio que esta opção não faz lucrar louros
imediatamente, mas é o único caminho que faz história e o único que faz sentar
à mesa do convívio fraterno as pessoas.
4. A perseguição e a morte está
reservada muitas vezes para quem defende a verdade, porque nunca desiste de
delimitar as fronteiras do que é bom e do que é mau, porque não confunde
desgraça com graça, guerra com paz e sempre sabe defender para si e para os
outros a honestidade, a sinceridade e a transparência. Este sofrem perseguição,
mas devem estar preparados para a injustiça, o desprezo, a maledicência, a
calúnia e a indiferença, entre tantas outras coisas que farão ecoar muito forte
o sofrimento, que parecerá ser um desastre ou uma fatalidade sem sentido, porém,
nunca morrerão órfãos de Deus, porque Deus ama as vítimas e providencia para
que a gloriosa vitória sempre aconteça, mesmo que algumas vezes seja necessário
acontecer a morte.
5. A perseguição mata o
corpo, mas não mata a alma. Jesus apresenta-se como defensor, o advogado, que
confirmará junto de Deus todo aquele que se apresenta como seu discípulo fiel. Jesus garante aos seus a Sua presença contínua, a pronta
ajuda e o amor de Deus, ao longo de toda a sua caminhada pelo mundo. Por isso, fica a dica: «Não temais os que matam
o corpo, mas não podem matar a alma» (Mt 10, 28).
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