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quinta-feira, 22 de junho de 2017

Ninguém consegue matar a alma

Comentário à Liturgia do domingo XII tempo comum...
1. A mensagem bíblica nas missas deste domingo continua a dar-nos conta da mensagem iniciada no domingo passado, com o chamado «discurso apostólico» ou do «envio para a missão», é o segundo dos cinco grandes discursos do Evangelho de São Mateus.

2. Um elemento interessante da mensagem da missa deste domingo, consiste nos receios e nas dificuldades que sempre podem acontecer aos discípulos de Jesus. O poder religioso e político instalados, dominadores e zelosos das suas mordomias insultuosas, sempre reagiram a qualquer ideia que liberte a maioria dos membros da comunidade. Por isso, Jesus fala com voz forte: «Não temais…». Neste sentido, os apóstolos de Jesus não podem ficar no comodismo aconchegante das mordomias principescas, não pode faltar-lhes a coragem, não se devem esconder, muito menos pode ficar circunscritos a uma intimidade escondida daquilo que Jesus lhes ensinou e mandou anunciar. Devem ser vozes vibrantes, corajosas perante a injustiça, a desonestidade e o desrespeito pelo bem comum. São crentes convictos e disponíveis para acolher o martírio se necessário. Nada os amedronta, só e apenas devem viver de pé diante dos homens e de joelhos diante de Deus.

3. Este apelo à coragem associa-se à confiança na certeza da assistência de Deus que nunca desampara aqueles que lhe são fieis e que vivem a radicalidade do amor. Deus não é um ausente nem muito menos um alienado da sorte daqueles que se entregam à causa da paz e da felicidade para todos. É óbvio que esta opção não faz lucrar louros imediatamente, mas é o único caminho que faz história e o único que faz sentar à mesa do convívio fraterno as pessoas.

4. A perseguição e a morte está reservada muitas vezes para quem defende a verdade, porque nunca desiste de delimitar as fronteiras do que é bom e do que é mau, porque não confunde desgraça com graça, guerra com paz e sempre sabe defender para si e para os outros a honestidade, a sinceridade e a transparência. Este sofrem perseguição, mas devem estar preparados para a injustiça, o desprezo, a maledicência, a calúnia e a indiferença, entre tantas outras coisas que farão ecoar muito forte o sofrimento, que parecerá ser um desastre ou uma fatalidade sem sentido, porém, nunca morrerão órfãos de Deus, porque Deus ama as vítimas e providencia para que a gloriosa vitória sempre aconteça, mesmo que algumas vezes seja necessário acontecer a morte.

5. A perseguição mata o corpo, mas não mata a alma. Jesus apresenta-se como defensor, o advogado, que confirmará junto de Deus todo aquele que se apresenta como seu discípulo fiel. Jesus garante aos seus a Sua presença contínua, a pronta ajuda e o amor de Deus, ao longo de toda a sua caminhada pelo mundo. Por isso, fica a dica: «Não temais os que matam o corpo, mas não podem matar a alma» (Mt 10, 28).

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