Caros colegas da Madeira. Está a circular no facebook esta carta de um colega do Continente, Diocese de Lisboa, Pe António Teixeira. Não podemos ficar indiferentes a mais esta tragédia. A ideia parece-me excelente, doarmos o nosso salário de junho, o meu já tem este destino. É exemplar e como Igreja solidária que devemos ser vamos a isto... Obrigado Pe António Teixeira pela ideia e pela pronta sugestão.
Caros Padres, Pastores do Povo de Deus
que nos foi confiado:
decerto temos todos gravadas no coração
e na alma as repetidas palavras do Papa Francisco: "pastores com cheiro a
ovelha".
Esse e apenas esse pode ser o nosso
caminho, a nossa opção pastoral, a nossa vida de cada dia.
Vivemos horas dramáticas e inimagináveis
neste nosso Portugal, com perdas, lágrimas, desesperos e angústias
indiscritíveis, diante do fogos que devastam e destroem, sufocam e matam!
Homens
e mulheres, crianças e jovens, sentem-se agora sem rumo, horizontes, esperanças
e sonhos.
Decerto
que rezamos e pedimos que rezassem pelas vítimas desta tragédia. E sabemos e
cremos no poder da oração.
Mas
creio e peço que não nos fiquemos por aqui. Que passemos das preces, das
homilias, das palavras, dos "pesares", a actos de profunda
solidariedade, comunhão e cumplicidade para com essas "ovelhas" que
se sentem tresmalhadas, abatidas, destroçadas!
De mais perto ou mais longe, urge que
mostremos a nossa missão de
Pastores comprometidos com esses irmãos;
a compaixão e a misericórdia, a comunhão e a solidariedade têm de se tornar
gesto, vida, oblação, gratuidade, começando por nós próprios.
Que peço a cada um de nós?
A caridade, a ousadia, a beleza, de um
gesto que nos mobilize e comprometa com essas gentes amarguradas e abatidas!
Que sejamos capazes de renunciar à nossa
remuneração/ordenado, deste mês, e a ofereçamos às gentes de Pedrógão Grande.
Do menos ou mais que possamos receber
como fruto do nosso ministério, ousemos a renúncia disso mesmo em favor desses
filhos de Deus que também o são nossos.
Muitas migalhas fazem um grande pão. Pão
de vida, de esperança, que trave os desesperos, as perdas, as lágrimas que
correm por demasiados rostos e corações.
Cada um de nós saberá fazer chegar esse
gesto de amor e abnegação a esse Povo.
Vivamos a experiência da doação com os
sentimentos da fé, do amor, que todos os dias pregamos nas nossas igrejas,
grupos, comunidades...
Mesmo que nos custe, sejamos sinal de
uma Igreja que passa das palavras aos gestos nobres e proféticos.
Que aquilo que recebermos este mês como
fruto do nosso trabalho seja, pois, partilhado sem medos, com esses nossos
irmãos.
Hoje mesmo desejarei viver essa
experiência da comunhão e da solidariedade. E comigo, sejamos muitos, sejamos
todos, Pastores que desta forma também dão a vida pelas suas ovelhas...
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