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terça-feira, 13 de junho de 2017

Deus e eu

Deus e eu
Nesta semana temos na rubrica «Deus e eu» o jornalista Roberto Ferreira, que tem andado nas bocas do mundo recentemente, porque foi nomeado subdiretor do Diário de Notícias do Funchal. Obrigado pelo contributo excelente e bem vindo ao Banquete. Já agora, desejamos os maiores sucessos neste novo desafio.
À primeira vista é difícil falar sobre Deus. Muito menos da nossa relação com Ele, esse Ser abstrato(?), que não vemos, não tocamos, não cheiramos. Mas que podemos sentir.
Discorrer sobre a nossa ligação/relação com Deus é forçosamente uma tarefa intrínseca, metafísica, mas, ao mesmo tempo, ternamente simples. Basta abrirmos o coração.
Deus é amor, acima de tudo, e é tolerância também. Mas é responsabilidade. É respeito, mas não é medo. Que filho deve temer seu Pai?
Deus consubstancia a necessidade emergente do ser humano acreditar em algo, na eternidade. Contra a fugacidade e a transitoriedade que marca a nossa vida. E Ele mantém-se, permanece, por mais sinuosa e subterrânea que seja a nossa caminhada na Terra. Basta deixá-Lo entrar.
Mas, afinal, onde está Deus? Onde fica o Céu, a Casa do Pai? Desde pequenino que olho de imediato para cima. Nós olhamos todos para cima, para o firmamento. Frei Bento Domingues diz, com o sorriso que o caracteriza, que não sabe se o Céu está lá em cima ou se está cá em baixo. Está com certeza entre nós. No meio de nós. Nas coisas simples, em nossa casa e no nosso trabalho. Mas sobretudo nas nossas atitudes e no nosso relacionamento com o outro.
Deus é o porto de abrigo a que regresso. O colo onde descanso e onde nos reconfortamos, em silêncio, após um extenuante dia de trabalho.
É o sagrado. A morte. A ressurreição. E a vida.
E depois há os rituais e a procura de respostas concretas, que nenhum cientista ainda encontrou, apesar de toda a (r)evolução tecnológica.
O meu Deus tem um rosto e acompanha-me. No Seu filho encarna a esperança que procuro seguir no meu quotidiano, a libertação que me faz acreditar nos homens de boa vontade. Serei ingénuo?
Pouco importa as amarras e convicções restritivas de clérigos antiquados, acomodados, bem como as intrigas da Cúria Romana. Nem o comportamento hipócrita de alguma padralhada me faz diminuir a convicção em Deus e em Jesus Cristo.
Durante a minha vida tenho sempre conseguido extrair uma palavra, uma frase, um exemplo, que a cada domingo escuto do Evangelho, por mais desatento que esteja.
Isso faz-me sempre acreditar que vale a pena, que a vida é mais que isto.
E que tem de ser vivida com alegria, contra a pesarosa forma de estar que tanto caracteriza os nossos queridos conterrâneos, que corporizam a legião do “vai-se andando, do mais ou menos ou do vai-se indo”.
Deus é “ama e faz o que quiseres”, como deixou dito Santo Agostinho. Está aqui tudo nestas seis palavras. Basta ler e aplicar. 

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