Deus e eu
Nesta
semana temos na rubrica «Deus e eu» o jornalista Roberto Ferreira, que tem andado nas
bocas do mundo recentemente, porque foi nomeado subdiretor do Diário de
Notícias do Funchal. Obrigado pelo contributo excelente e bem vindo ao Banquete. Já
agora, desejamos os maiores sucessos neste novo desafio.
À
primeira vista é difícil falar sobre Deus. Muito menos da nossa relação com
Ele, esse Ser abstrato(?), que não vemos, não tocamos, não cheiramos. Mas que
podemos sentir.
Discorrer
sobre a nossa ligação/relação com Deus é forçosamente uma tarefa intrínseca,
metafísica, mas, ao mesmo tempo, ternamente simples. Basta abrirmos o coração.
Deus
é amor, acima de tudo, e é tolerância também. Mas é responsabilidade. É
respeito, mas não é medo. Que filho deve temer seu Pai?
Deus
consubstancia a necessidade emergente do ser humano acreditar em algo, na
eternidade. Contra a fugacidade e a transitoriedade que marca a nossa vida. E
Ele mantém-se, permanece, por mais sinuosa e subterrânea que seja a nossa
caminhada na Terra. Basta deixá-Lo entrar.
Mas,
afinal, onde está Deus? Onde fica o Céu, a Casa do Pai? Desde pequenino que
olho de imediato para cima. Nós olhamos todos para cima, para o firmamento.
Frei Bento Domingues diz, com o sorriso que o caracteriza, que não sabe se o
Céu está lá em cima ou se está cá em baixo. Está com certeza entre nós. No meio
de nós. Nas coisas simples, em nossa casa e no nosso trabalho. Mas sobretudo
nas nossas atitudes e no nosso relacionamento com o outro.
Deus
é o porto de abrigo a que regresso. O colo onde descanso e onde nos
reconfortamos, em silêncio, após um extenuante dia de trabalho.
É
o sagrado. A morte. A ressurreição. E a vida.
E
depois há os rituais e a procura de respostas concretas, que nenhum cientista
ainda encontrou, apesar de toda a (r)evolução tecnológica.
O
meu Deus tem um rosto e acompanha-me. No Seu filho encarna a esperança que
procuro seguir no meu quotidiano, a libertação que me faz acreditar nos homens
de boa vontade. Serei ingénuo?
Pouco
importa as amarras e convicções restritivas de clérigos antiquados, acomodados,
bem como as intrigas da Cúria Romana. Nem o comportamento hipócrita de alguma
padralhada me faz diminuir a convicção em Deus e em Jesus Cristo.
Durante
a minha vida tenho sempre conseguido extrair uma palavra, uma frase, um
exemplo, que a cada domingo escuto do Evangelho, por mais desatento que esteja.
Isso
faz-me sempre acreditar que vale a pena, que a vida é mais que isto.
E
que tem de ser vivida com alegria, contra a pesarosa forma de estar que tanto
caracteriza os nossos queridos conterrâneos, que corporizam a legião do “vai-se
andando, do mais ou menos ou do vai-se indo”.
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