Deus eu...
... com padre Pedro
Nóbrega: pároco da Paróquia da Nazaré, Funchal. É uma enorme alegria apresentar este texto no Banquete da Palavra. Primeiro, porque é um colega, um irmão e um amigo. Segundo, porque é o primeiro sacerdote, meu colega, que jogando fora a pastilha elástica clerical, sem mas nem ais nenhuns se disponibilizou prontamente para dar o seu contributo. Um feito que não esquecerei jamais. Face a um ambiente ainda de algum obscurantismo religioso, desconfiança clerical e azias tontas, onde capeiam ignorância, invejas e má vontade, a prontidão do Pe Nóbrega é obra. Por isso, não podia deixar passar este feito... Bem hajas e agradeço-te muito Pe Pedro e desejo-te os maiores sucessos no teu dedicado e zeloso cumprimento da missão que te foi confiada...
“Foi o tempo que perdeste
com a tua rosa que a tornou bela...” Antoine de Saint-Exupéry, com base nesta
belíssima frase início a minha tentativa de expor um pouco a minha relação com
Deus. Naturalmente como padre não consigo conceber um Deus que não seja à
imagem das palavras de Jesus e dos apóstolos nos evangelhos e cartas, bem como
por todo o magistério da Igreja. Não consigo conceber um Deus que seja meu, mas
sim um Deus que é Amor, Esperança que é Vida e Caminho para tantos quantos Dele
se aproximam. Deus tem sido alguém muito teimoso comigo, alguém que me tem
orientado imenso, particularmente nos momentos de maior dificuldade. Não
consigo conceber cada dia da minha vida sem a Sua inspiração, os Seus
ensinamentos e sinais, por isso Deus é também a bússola que vai norteando a
minha caminhada. Deus tem sido extremamente misericordioso, tem tido mesmo
compaixão do meu coração muitas vezes mesquinho, sem escrúpulos, egoísta e
egocentrista... Mas Ele nestes momentos com tantos sinais me tem mostrado, o
que, e como, transformar a minha condição de pecador. Aprendi com Deus que o
lema deve ser servir, e como diz o Papa Francisco: “o verdadeiro poder é o
serviço.” Por isso peço diariamente que o natural relacionamento que a condição
sacerdotal me confere não seja para meu bem, mas para que seja instrumento da
vida de quantos com quem me cruzo, no fundo como costumo dizer ser provocador
da Esperança! Deus é que me ensina como Julgar, Ele que pede que não sejamos castigadores
mas construtores, Ele que nos pede que não sejamos destruidores mas
empreendedores ensinou-me que mais que julgar, a missão passa por dar-se e
ajudar, por encontrar o caminho que muitas vezes pode levar muito tempo a
percorrer, pode causar imensas feridas mas que nos levará com esperança à felicidade!
Por isso repito tantas vezes: “Faz aos outros o que queres que te façam a ti!”
Disse o Papa Bento XVI: “Deus não nos tira nada, dá-nos tudo!” Esta expressão
mexe hoje comigo como mexeu na altura que a li pela primeira vez, por isso
ligo-a muito a uma que escutei numa homilia: “Quem quer o que Deus quer, tem
tudo o que quer!” Peço a Deus que me dê sempre a lucidez de O pensar
livremente, de O interpretar como ajuda e caminho e de nunca O ver como Aquele
que me mete medo, mas sim Aquele por quem tendo um temor reverencial está
sempre lá, para as vicissitudes da minha história, da minha caminhada e da
minha vida!
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